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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

It´s now or never

Eu sei que é sexta-feira, o dia está bonito e o povo prepara-se para desabar no sofá ou dar passeios tranquilos no fim de semana mas este país não me dá tréguas. Enquanto esses malucos milionários que ousadamente ganham acima de 1000 euros vão ser extirpados para todo o sempre dos seus subsídios de férias e de Natal, o povo entendeu muito bem a mensagem de ontem, há gente a ganhar por mês o que daria para alguns funcionários. Atentemos nestes chorudos ordenados: Fátima Campos Ferreira, 10 mil euros mensais, Catarina Furtado, 30 mil euros, Fernando Mendes, 20 mil euros, José Carlos Malato, 20 mil euros, Maria Elisa 7 mil euros, Jorge Gabriel 18 mil euros, Sónia Araújo, 14 mil euros, João Baião, 15 mil euros, Tânia Ribas de Oliveira, 10 mil euros ou Sílvia Alberto, 15 mil euros. Acresce dizer que estes e outros senhores da estação pública não sofreram a redução do ordenado quando, em Janeiro, esse bicho que dá pelo nome de filósofo grego se lembrou de dar uma ripada nos ordenados. Era esperado que antes de cortar desalmadamente, o Governo tivesse considerado estes casos antes. Diz que vai ser agora. Veremos.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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Perdi a minha vontade de escrever-me e tenho saudades dos textos longos de palavras desenhadas e sentidas. Agora há raiva. Há fúria. Há ressentimento. Um muro de incertezas entre mim e a vida e eu que me perdi pelo caminho.

sábado, 22 de outubro de 2011

Legalidade e ética

O Primeiro Ministro Passos Coelho, esse mesmo que vai extirpar alguns portugueses de um vida condigna por uns anos, atribuiu subsídio de alojamento a nove governantes por não terem “residência permanente na cidade de Lisboa ou numa área circundante de 100 km. Acontece que Miguel Macedo, segundo o que se diz aqui e aqui, tem casa própria em Algés e é nela que habita durante a semana. Levantada a polémica a assessoria do Ministro diz que a atribuição do subsídio é legal. Nada de novo, isso sabemos nós. O que sabemos também é que legal não significa eticamente correcto e que, nos tempos que correm e em qualquer outros, o Ministro está a fazer o que muitos outros fizeram antes dele e que contribuiu para este estado misérável de coisas: aproveitar-se indecentemente do Estado, de todos nós, do nosso dinheiro. O que se exige numa altura destas é que Passos Coelho faça o seu trabalho, respeitando tudo e todos e acabe com isto. Já.

Nós também estamos muito chateados, Sr. Ministro.

Também no Delito de Opinião

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um queixume por dia nem sabe o bem que lhe fazia (3)

Dia inteiro na escola. Aulas das oito e meia à uma e meia. Outro trabalho em mãos das três às seis e meia e três horas e meia perdidas num ficheiro informático que fiz o favor de não gravar não me deixaram na mais  optimista das criaturas. Espero que a noite de sono me reponha os níveis desejados de optimismo. Só assim conseguirei.

domingo, 16 de outubro de 2011

Os professores


"O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.
O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.
Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.
Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.
Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.
Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança."

José Luís Peixoto, "Visão", 13/10/2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Adeus, sapatos novos. Au Revoir, casacos e camisolas. Auf Wiedersehen, colares e anéis!

O meu boicote pessoal e privado. Estão a ver aquelas coisitas que podíamos comprar, de que não precisamos mas que fazem uma mulher feliz, tipo roupa e sapatos e que são capazes de ajudar numa ínfima parte a que este país não morra? É que a partir de agora já eram. O meu guito não levam. Tenho roupa e sapatos que chegam para uns tempos. Amor com amor se paga. Adeus.

Uns e os outros

Se és funcionário público, és um merdoso manga-de-alpaca, proxeneta de todos os trabalhadores honestos e cumpridores deste país. Não fazes nada, faltas sempre que podes, recorres a atestados médicos falsos, tens regalias sem limites, vais passar férias para as Caraíbas com o dinheiro do vizinho, tens casas, carros, telemóveis, ganhas acima da média e, mau, funcionário mau e ranhoso, filho da puta mor, culpado de todos os males deste país, tens o que mereces agora. Se te reduzem o salário é porque o mereces, se te roubam o subsídio de férias e subsídio de natal por tempo que se prevê indefinido, é bem feito. Querias o quê, ó chulo de merda? Não interessa que tenhas filhos ou compromissos, sim quem te mandou, ó presunçoso projecto de gente que ainda tem o topete e a ousadia de ter vida como os outros? Reduz-te à tua insignificância de capacho onde a elite produtora deste país limpa os cumpridores pés. 
Se trabalhas para o privado, és um lindo cumpridor, chegas a horas, um modelo de pontualidade e eficiência, não vais para o Facebook e blogues em tempo de trabalho, arfas e abanas o rabo à passagem do chefe, trabalhas com afinco e empenho, és eficiente e produtivo, ajudas e participas na construção deste país, não vives acima das tuas possibilidades, carregas contigo um velho telemóvel dos anos 90, e és tu, meu lindo menino, coisinha linda da mãe, ó minha fofurinha eficaz, séria e competente, que estás a levar o país para a frente e a acarretar com essa massa indigna e rasteira de funcionários públicos, os tais que merecem tudo o que têm e ainda mais. 
E no meio destes dois não há mais nada. É fácil conclui-lo pelas caixas de comentários deste blogue. Lamentavelmente.


Também no Delito de Opinião.

domingo, 2 de outubro de 2011

Lixo Extraordinário



Como a arte pode mudar a vida das pessoas. Directamente para o meu top de filmes preferidos.