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sábado, 24 de julho de 2010

Odisseias de um terraço desvalido

Ora portanto, são onze da manhã de um Sábado que me parece ensolarado, depois de uma noite óptima a ver Buena Vista Social Club com a grande Omara Portuondo no Jardim do Cerco aqui na terra, e eis-me agarrada ao computador ainda em pijama e gadelha desgrenhada, de óculos, é verdade sou míope e uso óculos aqui na intimidade. E perguntarão porquê. Que raio faz uma mulher logo pela manhã de um dia que se queria de descanso, de sol ainda por cima, depois de uma semana de caca que lhe sugou bulicamente energia a teclar furiosamente como se não houvesse amanhã.
O meu terraço que metia água e que me fez passar um Inverno de alguidares na cozinha e sentir-me a viver numa barraca como se estivesse no Feios, Porcos e Maus, apesar de ninguém me ter pedido para chegar para lá na cama que trazia uma amiga para a pernoita, o tal que me vai custar euros e impropérios, está em fase de reconstrução. Reconstrução acarreta marretadas, maçaricos e claro o teste. O teste consiste em meter água no terraço e esperar para ver. Ora ontem nem foi preciso esperar para ver, porque logo passado uns minutos, calculo, a água começou a entrar lampeira pela cozinha, logo após estendeu-se à sala. Mediante as evidências, houve que tentar reparar o arranjo que afinal não estava assim tão bem. Depois de nova tentativa e de nova reparadela, enche-se o terraço de água e hoje lá pela fresca, estima-se que ainda nem o sol tinha dado acordo de si, eis que a água entra, pior, a água entra agora também na sala, umas manchas ovaladas que me decoram o tecto. Adivinha-se um processo longo e ilustre, tentativa sobre tentativa até ter a casa num lago. A sorte é ter este blogue, ai meu querido blogue, ai blogue da minha alma, se não prevejo os danos colaterais: ou procuro o psiquiatra que em tempos me tratou do coração estilhaçado e alma em cacos ou recorro ao supermercado mais próximo e vou experimentando um por um, unzinho por unzinho, os sabores que me piscam o olho do lado da lá das câmaras frigoríficas. Ontem era um de nougat, mas também lá há de chocolate branco e frutos silvestres, de maracujá, demasiado inofensivo para este mal que me atormenta, o de canela e bolachas, razoavelmente calórico, este, e a seguir recorro ao meu dietista. Uma alegria.

5 comentários:

  1. Oh Leonor, que chatice! Nem sei que lhe diga.
    Esperemos que quem está a arranjar o terraço se esmere, não meta água e o problema se resolva.

    :)))

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  2. Espero bem que sim, Maria do Sol! Nunca mais vejo o assunto resolvido :(
    Obrigada

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  3. Coma à vontade, Leonor, e esqueça o dietista. É que os nervos costumam inviabilizar as digestões fáceis, as que engordam. Um beijinho e melhor sorte com o terraço. ;-)

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  4. Que coisa chata que nunca mais se resolve... :S
    E, abriste-me o apetite!! :)

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  5. As obras estão quase no fim felizmente. Agora falta o resto...
    Beijinhos

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