No decorrer desta semana, recebi um mail cujo assunto era apenas Olá.. Fiquei feliz pelo remetente. Com a A. sinto existir uma cumplicidade inexplicável. Cruzámo-nos virtualmente inúmeras vezes e partilhámos momentos vários, alguns felizes, outros nem tanto, mas julgo termos sido companheiras nessas situações.
O primeiro mail que com ela troquei terá sido sobre um livro. Em sua opinião, o dito livro seria exagerado na existência de expressões exclamativas decoradas com o ponto que lhes dá o epíteto no final. O autor, contrariamente a Saramago, António Lobo Antunes e outros contemporâneos, abusara do ponto de exclamação. Talvez por isso falte agora aos mencionados. Eu mesma fui comparar o original e a tradução e verifiquei que tal se devia a um excesso do tradutor e não do pobre autor, completamente inocente neste caso. Respondi então à A. dando-lhe conta do descoberto e rematando com uns comentários incriminatórios aos tradutores. Nada de mais, não fosse a A. tradutora… Elegi-me de imediato a Rainha da Gaffe. Tivesse eu a mesma pontaria certeira noutras ocasiões e a vida ter-me-ia sorrido mais. Sei que a A. não levou a mal e esta é uma das características que mais lhe aprecio: a capacidade de trocar e aceitar opiniões sem que tal implique escolher armas para o duelo, a escolha de campo para a batalha.
No início da semana tinha então deixado aqui mesmo um texto. Li-o e reli-o. Pareceu-me bem. Mas não estava e, mesmo após esse cuidado, uma gralha pairava rapioqueira bem em frente ao meu nariz e ao de todos nós sem que eu disso desse conta. É sabido que se o meu querido pai tivesse revisto o texto, como sempre fez, a gralha seria um nado-morto, executada à nascença sem piedade. Tal não foi o caso. Com o meu pai desapareceu também o zelador das minhas faltas, o protector das minhas incorrecções, o guardião da minha escrita.
O erro por aqui andou sem que eu reparasse. O mesmo não aconteceu com a A. , que além de o detectar, teve a generosidade de me comunicar a falha, com todo o carinho e tacto. Fiquei sensibilizada. Quem amamos, não queremos ver errar.
Acredito que ela e o meu pai teriam conversas infindáveis em torno desta língua de Camões e de todos nós. Imagino-o de igual forma, abeirando-se dela tranquilo, formulando-lhe um pedido Olhe, é o seguinte, a minha filha publica os textitos dela lá na Internet e, como eu sei que ela tem muita estima por si, agradecia-lhe muito se lhe desse um recado meu. É que ela deixou escapar um errito… Veja lá que escreveu inclino em vez de inquilino. É que o São Pedro não me larga por causa do boletim celestial e ela agora está em aulas. Fazia-me esse favorzito? A A. ter-se-ia prontificado de imediato, estou certa, caso ela própria não me tivesse já protegido da minha falibilidade e da falta do meu querido pai. É bom saber que alguém olhará por mim.
O primeiro mail que com ela troquei terá sido sobre um livro. Em sua opinião, o dito livro seria exagerado na existência de expressões exclamativas decoradas com o ponto que lhes dá o epíteto no final. O autor, contrariamente a Saramago, António Lobo Antunes e outros contemporâneos, abusara do ponto de exclamação. Talvez por isso falte agora aos mencionados. Eu mesma fui comparar o original e a tradução e verifiquei que tal se devia a um excesso do tradutor e não do pobre autor, completamente inocente neste caso. Respondi então à A. dando-lhe conta do descoberto e rematando com uns comentários incriminatórios aos tradutores. Nada de mais, não fosse a A. tradutora… Elegi-me de imediato a Rainha da Gaffe. Tivesse eu a mesma pontaria certeira noutras ocasiões e a vida ter-me-ia sorrido mais. Sei que a A. não levou a mal e esta é uma das características que mais lhe aprecio: a capacidade de trocar e aceitar opiniões sem que tal implique escolher armas para o duelo, a escolha de campo para a batalha.
No início da semana tinha então deixado aqui mesmo um texto. Li-o e reli-o. Pareceu-me bem. Mas não estava e, mesmo após esse cuidado, uma gralha pairava rapioqueira bem em frente ao meu nariz e ao de todos nós sem que eu disso desse conta. É sabido que se o meu querido pai tivesse revisto o texto, como sempre fez, a gralha seria um nado-morto, executada à nascença sem piedade. Tal não foi o caso. Com o meu pai desapareceu também o zelador das minhas faltas, o protector das minhas incorrecções, o guardião da minha escrita.
O erro por aqui andou sem que eu reparasse. O mesmo não aconteceu com a A. , que além de o detectar, teve a generosidade de me comunicar a falha, com todo o carinho e tacto. Fiquei sensibilizada. Quem amamos, não queremos ver errar.
Acredito que ela e o meu pai teriam conversas infindáveis em torno desta língua de Camões e de todos nós. Imagino-o de igual forma, abeirando-se dela tranquilo, formulando-lhe um pedido Olhe, é o seguinte, a minha filha publica os textitos dela lá na Internet e, como eu sei que ela tem muita estima por si, agradecia-lhe muito se lhe desse um recado meu. É que ela deixou escapar um errito… Veja lá que escreveu inclino em vez de inquilino. É que o São Pedro não me larga por causa do boletim celestial e ela agora está em aulas. Fazia-me esse favorzito? A A. ter-se-ia prontificado de imediato, estou certa, caso ela própria não me tivesse já protegido da minha falibilidade e da falta do meu querido pai. É bom saber que alguém olhará por mim.
És uma querida. Nem sei que dizer. Não mereço. A.
ResponderEliminarmerces, mereces, A.
ResponderEliminar:-)
(nao e preciso poderes extraordinarios para saber de quem e que a L. estava a falar)
:)
ResponderEliminarTens razao Joana!
Claro que merece, se não não o tinha escrito ;-)
ResponderEliminarA A. é uma catita :)))))
ResponderEliminarÉ, é. Conheço-a pessoalmente e é uma jóia de moça. Se não fosse o alcoolismo... e a cleptomania... e aquela mania de insultar pessoas na rua... e os uivos ns noites de lua cheia... Enfim... ninguém é perfeito, pelo menos não dá erros ortográficos.
ResponderEliminarPois, pelo menos não dá erros como a outra... ;-)
ResponderEliminar