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domingo, 31 de janeiro de 2010

Captain of my soul

A história é comovente, tão comovente que quase parece ficção. Um líder político, presidente de um país a braços com a reconciliação do seu povo, separado durante 42 anos por um regime vil de segregação racial, um desporto reservado à minoria africânder e desprezado pela maioria negra, símbolo do país oprimido e dividido, e a tentativa de harmonizar as diferenças, apagar cores e construir uma identidade colectiva através desse mesmo desporto, o dealbar de uma nação unida. Esta estratégia de uma raríssima inteligência e intuição catapulta para a ribalta o capitão de equipa que a pedido do Presidente eleva os Springboks e, com eles, a nação, gritando em uníssono por um mesmo objectivo. Negros e brancos finalmente unidos. Nada seria igual dali para a frente. Se juntarmos a este argumento baseado no livro de John Carlin, Playing the enemy – Nelson Mandela and the game that made a nation, a realização de Clint Eastwood, Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela e Matt Damon como François Pienaar, o capitão da equipa  nacional de râguebi, Springboks, obtemos um filme intenso, com momentos comoventes e empolgantes e a sensação de sermos mais um dos espectadores em Ellis Park a torcer pelos Springboks, sabendo secretamente que torcemos pela igualdade de direitos, pela reconciliação e pelos ideais de liberdade tantas vezes apregoados e outras tantas esquecidos. Martin Luther King orgulhar-se-ia do sonho realizado, o muro das diferenças derrubado não por decreto mas pela comunhão de um mesmo pulsar. E assim, uma nova alma e um novo país.
E diz-se por aí que Invictus não será o melhor filme de Clint Eastwood, depois de Million Dollar Baby e de Gran Torino, mas Invictus é certamente um filme belíssimo, sustentado pelo desempenho sóbrio e inexcedível de Morgan Freeman e Matt Damon. As cenas do jogo de râguebi são de uma rara beleza e mesmo sabendo da História que os Springbocks venceram os All Blacks naquele 24 de Junho de 1995, continuamos suspensos e vibramos na expectaiva da vitória, metáfora de esperança de um país que consegue finalmente gritar pelo mesmo ideal, um nós que substitui o eles proferido e praticado ao longo de quatro décadas de segregacionismo bóer. E Invictus de William Ernest Henley que perdura no ouvido It matters not how strait the gate/ How charged with punishments the scroll/ I am the master of my fate:/ I am the captain of my soul.




quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Uma questão de educação

Quando se tem três raparigas de quatro patas em casa há que cuidar, dar colinho, comidinha, partilhar espaços, sofás, camas, cadeirões, e, muito importante, tratar a bicharada e prevenir-lhes as maleitas. Hoje foi dia de cumprir esta última tarefa e de levar as raparigas ao veterinário que de tanta confiança já passou a ser o meu/nosso veterinário, o tal a quem quero que me levem, já deixei aviso, caso me dê alguma solipampa. Tenho a certeza que me passariam mais a mão pelo pêlo do que os clínicos que costumo frequentar, além de serem sensivelmente mais baratos, muitíssimo mais pontuais e ainda de enviarem as boas festas no Natal, coisa que os médicos jamais fizeram. Só vantagens, como se vê.
Na primeira leva foi a Ruiva. Miou desde que saiu de casa assustada, quando saiu da caixa vinha com o rabo entre as pernas, cheiinha de medo, tremeu o tempo todo e só descansou quando já em casa se viu livre de todos, especialmente do amabilíssimo e em igual grau competente veterinário.
A Lolita foi na mesma leva. Mais calada do que a filha, ficou dentro da caixa a observar tudo à sua volta, mas quando chegou a vez dela ficou igualmente encolhida, com as patas a transpirar e, de repente, virou-se para mim e aconchegou-se sequiosa de protecção, como se alguém porventura lhe fosse fazer mal.
A Guidinha foi a última na segunda e última leva. E a Guidinha é bicho temerário, verdadeiramente felina sem preocupações de quem morde, importante é que não a agarrem e não a aborreçam. Ora a Guidinha é rapariga independente e o veterinário fora avisado deste seu temperamento difícil. Pois assim que se abriu a caixa, estava estancada lá dentro, tivemos que retirar a parte de cima para chegar à bichana e depois foi o que viu. Assustada como nunca, abeirou-se de mim, pedindo protecção como a sua mãe e irmã. E, pasme-se, peguei-lhe ao colo, coisa que detesta e nem sequer permite em casa, e encostei-a a mim.
Se fossem humanos, ter-lhes-ia dito Faz-te mas é à vida, está tremer para quê? À segunda abordagem dir-lhe-ia talvez, Deixa-te de merdas e faz-te uma mulher que ninguém te está fazer mal. No caso das gatas resignei-me à minha função de dona protectora, levemente envergonhada por tanto mas tanto mimo, acarinhando e acalmando os nervos das raparigas e fiquei a pensar que raio de trabalho fiz com elas que são mais mimadas do que as coisas mimadas. A sorte é que não tenho filhos. Imagine-se como sairiam as crias. Longe vá o agoiro. Cruzes credo.

É amanhã...

É já amanhã que vou (re)começar uma das empreitadas mais enfadonhas da minha vida, uma das que conheço de trás para a frente, sem segredos e com algum sofrimento. A partir de amanhã: DIETA!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Conversas

- Que turma é essa?
-É o 12º #$". Foram teus alunos no ano passado. Aliás, foram estes que me disseram que tinhas sido a melhor professora que eles tinham tido.
- Coitados. Imagina os outros.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Giro e talentoso?

Minhas amigas e leais leitoras, confirmem aqui se este é mesmo giro e talentoso ou se Janeiro me assassina o discernimento.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sapato não


É certo que as aulas da Área de Projecto são levemente diferentes das outras aulas. É certo que hoje estava uma intempérie que não lembra ao mais pintado. É certo que no périplo acidentado entre poças de água, bátegas de chuva e rabanadas de vento até aos monoblocos professores e alunos apanharam uma molha até aos ossos, quase voaram com o vento e desejaram ardentemente ter umas galochas para enfrentar o dilúvio. É certo que a humidade faz mal aos ossos, pode causar gripes, resfriados, e muito mau estar. É certo que a professora da Área de Projecto é levemente mais tolerante do que a de Inglês e do que a de Alemão mas igualmente compreensiva no que respeita a algumas idiossincracias dos seus alunos. É certo que a professora da Área de projecto também tinha frio nos pés, só não voou pelos quilos que lhe servem de âncora neste mar conturbado das quatro décadas e também maldisse o raio do temporal. E tudo isto é certo, certíssimo, mas havia necessidade de tirar os ténis, sapatos ou botas na aula da Área de Projecto e mostrar a meiinha, ainda por cima cor-de-laranja?

domingo, 10 de janeiro de 2010

Resoluções de Ano Novo

Actualizar o blogue todos os dias e começar a escrever mais do que uma centena de caracteres.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010