Páginas

sábado, 15 de abril de 2006

Fruta da época

O meu fim-de-semana tem quase sempre destas coisas. Acredito que também aos outros dias da semana acontecem coisas extraordinárias mas é no fim-de-semana que me deparo mais com elas. Felizmente hoje chamei o H. para vir presenciar, não vá a notícia desaparecer como daquela vez em que o advogado do pedófilo confesso foi escorraçado pela porta dum prédio da capital. Ninguém mais viu. Desta vez, estava eu tranquila, bebendo a habitual chávena de café, quando vi uma mulher a queixar-se de ter levado porrada, tareia, pancada, trolhada, bordoada, cachaporrada, dentro da igreja. Mostrava inclusive as marcas arroxeadas no rosto e isto, ao que parece, porque o padre da paróquia não quis fazer a costumeira procissão em virtude das condições atmosféricas adversas e o povo, claro está, revoltou-se, e já se sabe que o povo, mesmo um rebanho pacífico, não escolhe local para se envolver numa cena de pancadaria à moda antiga. Quem é que precisa do Bud Spencer com filmes destes? Isto de ser dentro da igreja até traz as suas vantagens. O confessionário é logo ali, sempre poupam a deslocação e quem sabe se uma confissão conjunta não sairá mais em conta, que essa dos trinta dinheiros e vendilhões do templo foi já há tanto tempo que prescreveu. Dizia um paroquiano que o pároco já tinha reduzido o percurso, desta vez, porém, recusou-se a sair, descontente com os desígnios de São Pedro. Ver se nenhum dos fiéis se lembra de morrer em dia de chuva, senão terá de ir sozinho, não vá o senhor padre apanhar chuva na moleirinha e montar-se uma cena de porrada a caminho do cemitério.

cartoon: Quino, Mafalda, a Contestatária.

5 comentários:

  1. Estou aqui a rir da Mafalda; mas preocupada com as almas dos fiéis...
    Bjs.

    ResponderEliminar
  2. Ainda não entendi se a paróquia está ao serviço do padre ou o padre ao serviço da paróquia. O padre que aqui esteve antes deste fazia o que queria da igreja, impunha a sua vontade sem ter em conta também as tradições, decidia sobre as cores das flores na igreja, as cores dos vestidos das noivas e decidiu que não casava ninguém que não fosse da paróquia. Este agora pede dinheiro a torto e a direito, coisa que muito me incomoda dentro de uma igreja. Não frequento a igreja, vou apenas por dever social, mas sinto-me em conflicto permanente com certas práticas e até princípios e cada vez mais distante.

    ResponderEliminar
  3. Muito bom!!!
    O que realmente me incomoda, após dez anos de estudos num colégio religioso e aprender a doutrina cristã, é deparar-me com uma realidade tão mesquinha e tão pouco dada ao aspecto sincero e carinhoso/humano.
    Já não me choca as notícias constantes da procura das pessoas de outras religiões ou mesmo, de total desinteresse pela Igreja.

    ResponderEliminar
  4. Nem mais! Beijinhos grandes, para a Terezinha também :)

    ResponderEliminar
  5. A Mafalda tem sempre razão... ;o)

    ResponderEliminar

Comments are welcome :-)