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segunda-feira, 17 de julho de 2006

Da canícula estival

Está tanto calor que nada mais me ocorre dizer, se não o banal e o óbvio, que está calor, muito calor, e acreditem que quando eu me queixo do calor é porque, entretanto, já meio mundo desfaleceu sob esta canícula impiedosa. Nunca fui de me preocupar com o calor. Sou um animal de Verão, luz e sol, portanto, os Invernos trazem-me um sofrimento miudinho que só desanuvia aos primeiros raios de sol de Primavera, quando começo a despertar os sentidos e abandonar a invernia que me corrói a alma.
De tarde fiquei preocupada e comecei a pensar que tanto calor, mesmo sendo eu um animal de sol, pode ser prejudicial ao bom funcionamento dos neurónios, mais precisamente quando dei por mim em frente à televisão a concordar com o Marques Mendes. O H. está avisado para que quando me sentir mal, me levar imediatamente ao veterinário das bichanas, o nosso veterinário, como é carinhosamente chamado aqui na vizinhança, mas julgo ainda estar a dar-me um tempo e, quando então me vir a concordar com o Pedro Santana Lopes ou com Cavaco Silva, internar-me mesmo sem apelo nem agravo e sem sequer passar pelo veterinário. Fico desde já agradecida. Vem isto a propósito porque o meia-leca social-democrata afirmou, e foi nessa altura que concordei, que a Ministra da Educação devia publicamente esclarecer esta questão dos exames de 12º ano. Há pouco vi-me de novo a concordar com Marcelo Rebelo de Sousa, embora não constitua uma sinal tão gravoso da minha sanidade mental, quando afirmou que se o exame de 12º ano de Química pode e vai ser repetido, então todos os outros exames, seguindo a lógica, o deveriam ser também. De resto, algo que eu própria já tinha concluído, mesmo com os neurónios a esturricar, até mesmo com meio neurónio. No “Público” (16/7/06) afirma-se que Valter Lemos, um dos secretários de Estado da Educação, é de opinião que os exames de Química devem ser repetidos, porque os exames são de um programa novo e deve ser dada uma nova oportunidade, por conseguinte. Nada de especial, não fossem também do programa novo Português, Inglês, Francês, Filosofia, Geografia, Alemão, Latim, Biologia e todos os restantes exames de todas as disciplinas que iniciaram este programa, o novo, nesse malfadado ano lectivo de 2004/2005, ano em que os Novos Programas do Secundário entraram em vigor. Será que alguém consegue dizer àquelas iluminadíssimas mentes da 24 de Julho para, pelo menos, não dizerem mais disparates, se fazem favor, ou se o fizerem que seja no recato do lar, para os filhos, mulheres, maridos, amantes, namorados, namoradas, cães ou gatos? Há coisas que não devem sair da intimidade, especialmente quando são absolutas aberrações destituídas de qualquer razão ou inteligência.

9 comentários:

  1. Já toda a gente sabe que, quando se alteram programas, quem sofre é quem apanha o novo currículo (eu cá tive sorte, apanhei sempre o último ano antes das alterações). Mas se não é justo que se prejudiquem os alunos, também acho que não é justo estarem agora a repetir exames só porque as notas foram baixas. Então e quem teve notas boas? Também tem de repetir, e arriscar-se a baixar? Ou podem escolher: eu faço, tu não fazes?
    Grande dilema, e coitada da minha prima que foi apanhada nele.

    É o que eu digo, este calor está a dar com todos em doidos...

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  2. A questão de fundo é que o facto de os programas serem novos não justifica rigorosamente nada do que está a ser dito e feito em relação aos exames. O problema fulcral é a incompetência do Ministério da Educação e ainda andar à nora com a avaliação em articulação com os programas. A repetição dos exames porque as notas foram baixas é 1. reconhecer a sua incompetência; 2. manipular a opinião pública e deixar parecer que são tão misericordiosos e clamentes com os alunos que até lhes dão outra oportunidade.

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  3. e como o peso das notas e relativo e nao absoluto, se toda a gente fizer o mesmo exame ninguem sai prejudicado-embora reconheca que do ponto de vsita de um aluno seja mais chato faze-lo. De certa forma, um exame dificil ate acaba por funcionar como um factor de correccao para as notas dadas pelas escolas, que sao muito variaveis: quem trabalhou e quem sabe mesmo tira uma nota um bocadinho mais alta e processa-se um desempate. Aqueles exames de chacha como tem sido ate agora sao inuteis, todas a gente tirava altas notas independentemente do merito

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  4. Mas a questão fundamental é que os programas e as orientações programáticas colidem com os exames: ou preparas os alunos para o exame ou pões o programa em prática, tal como ele é. E em relação ao exames de Alemão, só agora começaram a ser mais razoáveis, eram uma afronta para quem tinha/tem apenas três anos de língua e comparativamente com o nível seis a dificuldade era diminuta. Não é por acaso que era uma das disciplinas com maior insucesso nos exames. O problema é que o Minstério não sabe muito bem testar programas baseados no desenvolvimento de competências e estabelece critérios de correcção absurdos. Se fizerem o trabalho deles com competência tal como exigem de nós, e acho muito bem, nada disto acontecia. Se os professores vão ser avaliados pelos resultados dos alunos, então que dizer do Ministério agora?

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  5. Ai o meia leca!! :op
    Eu o que sei é que tive muita sorte. Apanhei o último ano da PGA, que por muito chatinha que fosse não chegava aos calcanhares do que se passa agora, nem havia esta confusão. Fiz 3, escolhi a melhor que foram (se bem me lembro) 93%, só fiz uma específica e lá segui contentinha para o ensino superior.
    Isto agora cada dia fico + baralhada... e se posso já não saber bem como as coisas funcionam, e os novos exames e tal, penso nos coitados dos míudos apanhados pelas políticas...

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  6. Acho que o Ministério não tem respeito pelos alunos também, senão não fazia destas. Não é admissível que os exames contenham erros. Há alunos que nunca fizeram um único exame na vida e que têm níveis elevados de stress nestes momentos.

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  7. No meio desta confusão toda, que sigo à distância porque não sou professora, portanto perdoa-me se erro, ainda não vi ninguém falar da necessidade de os alunos estudarem! Mais! Tendo já sido aluna parece-me, pelo saber da experiência feito, ser a única maneira de enfrentar os exames!
    Beijos

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  8. Claro que os alunos têm de estudar. Aliás o texto que vou postar a seguir tem a ver ainda com os exames e com bons resultados. O problema é mesmo a Química e a Física porque os exames estão mal elaborados, não porque são difíceis, e é inadmíssivel que o Ministério não saiba elaborar exames ou que evoque o facto de os programas serem novos. Assim sendo, cada vez que se mudam programas, repetiam-se exames... é absurdo e disparatado. Quem tem responsabilidades não pode dizer coisas destas, tem é de fazer bem o seu trabalho, de forma a que isto não aconteça. De resto, os critérios de avaliação são importantíssimos e hoje em dia nada é feito a olhómetro.
    Beijos

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  9. Inadmissível!!!! Ai a setora, a setora ;-)

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