Há tarefas na vida de um professor pelas quais nutro uma antipatia psicótica. Não se lhes pode escapar, mas, em verdade vos digo, que muito melhor passaria sem elas e o mais curioso é que nem são muito demoradas numa relação inversamente proporcional ao tédio que provocam. A que está no top dez, talvez, é a vigilância de exames. Nada mais se pode fazer, se não o que o próprio nome indica, vigiar, e como sou acérrima defensora da liberdade dos indivíduos, este verbo, vigiar, detém algo de pidesco, policial, indiscreto, quase mexeriqueiro, logo, este papel não é dos que desempenho com mais agrado. Executo-o, porém, com espírito sacrificial de dever.
Durante a duração do exame é imposta a lei do silêncio, obviamente, quanto a isto nada a dizer. O que mais me aborrece é que não se pode sequer passear os olhos pelas páginas de um livro, sem qualquer prejuízo para a tarefa ingrata de vigiar, o que implica que durante hora e meia ou duas horas sejamos entregues a coisa nenhuma, apenas ao tédio absoluto, ao aborrecimento de morte, ao enfado absoluto.
Não me passeio entre os alunos por considerar esse deambular intimidatório e perturbador da concentração necessária à resolução das provas de exame, e portanto, quedo-me olhando o que vão fazendo, aqui e ali observando as suas expressões, atendendo às suas necessidades, se é preciso mais uma folha de teste, mais uma folha de rascunho e, acima de tudo, zelo por aquilo que se não pode fazer: usar lápis, levar telemóveis, bips, pagers, garrafas de água, levar, ter ou manter algo em cima das suas secretárias além do enunciado, a folha para a elaboração do exame e uma caneta, e, simultaneamente, desejo com todo o ardor que o tempo, o tempo que tantas vezes se deseja menos lento, passe a galope, enquanto ele se passeia a trote na minha frente, e que tal suplício termine o mais rapidamente possível.
Amanhã assim será. Convenientemente vestida, entregue a esta coisa do vigiar durante uns noventa minutos*, depois de verificados os bilhetes de identidade dos examinandos, sentadinhos pela ordem de chamada e sem objectos proibidos. Se quisesse vigiar alguém teria seguido carreira nas forças da ordem. Não quero. Não gosto. Não quero, não gosto mas vou.
*Afinal foram cento e vinte minutos.
Durante a duração do exame é imposta a lei do silêncio, obviamente, quanto a isto nada a dizer. O que mais me aborrece é que não se pode sequer passear os olhos pelas páginas de um livro, sem qualquer prejuízo para a tarefa ingrata de vigiar, o que implica que durante hora e meia ou duas horas sejamos entregues a coisa nenhuma, apenas ao tédio absoluto, ao aborrecimento de morte, ao enfado absoluto.
Não me passeio entre os alunos por considerar esse deambular intimidatório e perturbador da concentração necessária à resolução das provas de exame, e portanto, quedo-me olhando o que vão fazendo, aqui e ali observando as suas expressões, atendendo às suas necessidades, se é preciso mais uma folha de teste, mais uma folha de rascunho e, acima de tudo, zelo por aquilo que se não pode fazer: usar lápis, levar telemóveis, bips, pagers, garrafas de água, levar, ter ou manter algo em cima das suas secretárias além do enunciado, a folha para a elaboração do exame e uma caneta, e, simultaneamente, desejo com todo o ardor que o tempo, o tempo que tantas vezes se deseja menos lento, passe a galope, enquanto ele se passeia a trote na minha frente, e que tal suplício termine o mais rapidamente possível.
Amanhã assim será. Convenientemente vestida, entregue a esta coisa do vigiar durante uns noventa minutos*, depois de verificados os bilhetes de identidade dos examinandos, sentadinhos pela ordem de chamada e sem objectos proibidos. Se quisesse vigiar alguém teria seguido carreira nas forças da ordem. Não quero. Não gosto. Não quero, não gosto mas vou.
*Afinal foram cento e vinte minutos.
E o que tem que ser tem muita força! Espero que esses minutos passem depressa.
ResponderEliminarBeijos
Também acho a maior parvoíce o não poderem fazer NADA! Obrigarem as pessoas a passarem as horas no tédio total, como dizes.
ResponderEliminarNão sabia que não se podia levar lápis nem garrafas de água, o resto até entendo... Mas acho que com tanta exigência o nível de stress dos examinados deve ser ainda maior. Lembro-me bem dos meus exames e quantas mais as "mariquices" mas nervosa e ansiosa em ficava...
Agradeço-te em nome dos teus alunos o não deambulares por entre eles, porque eu detestava isso! E quando os professores paravam ao meu lado a olhar para o exame?! E depois seguiam com um sorrisinho que deixava o pânico?! Argh!!!
(estou a ver que hoje em dia é mto mais díficil copiar... ;op)
Já passou! Duas horas de suplício. Hoje em dia é praticamente impossível copiar, as regras são muito rigorosas, o que acho bem. Não se poder levar lápis é um disparate, é lógico que os alunos sabem que não o podem usar para escrever a prova. Além disso, antes de começarem os exames nós lemos as advertências. Quanto ao resto, eles próprios já se habituaram que é assim e deixam logo as coisas no sítio para o efeito. Obrigada pelo apoio :)
ResponderEliminarBjs
É uma grande seca mesmo.
ResponderEliminarEste ano estive numa básica de 3º ciclo e só me calharam dois de 9º mas nos 3 anos passados, em secundárias, vigiei uns 6 por ano. É um pavor, eu detesto. Já não inventava que fazer. Listas mentais, contas, jogos de palavras... enfim. O tempo não passa mesmo. O que vale é que os exames mais longos, o de DGD e o antigo de MTEP eu não os posso vigiar pois são os da minha área.
Muhahahahaahah deixo esses para ti.
:)
Obrigadinha :) Esses então são de fugir...
ResponderEliminarEste ano também estou na equipa das turmas, portanto, não abusaram nas vigilâncias, mas no ano passado parecia que só conheciam o meu nome.
Estou espantada! Por que motivo são proibidas as garrafas de água?...
ResponderEliminarAcho que é por causa dos rótulos... Vão-se rir, mas é para não levar copianço nos ditos, acho eu.
ResponderEliminarEu detestava os que deambulavam pela sala. Para quem ia atestada de cábulas até ao pescoço, só atrapalhava...
ResponderEliminarEu não deambulo mas estou atenta... ;-)
ResponderEliminarComo não se pode ter nada em cima das mesas, além do já descrito, qualquer movimento suspeito é detectado de imediato...
Até nas profissões pelas quais nutrimos paixão, existem tarefas ingratas. Como se costuma dizer: não há bela sem senão. Que passe depressa o suplício ;)
ResponderEliminarBjs
O P. ontem disse-me que tinha umas colegas que levavam cábulas nos rótulos das garrafas, sim. Mas não se poderia arrancar os rótulos à entrada e pronto???
ResponderEliminarEu no 7º ano tentei pela 1ª vez copiar. Nem eram cábulas, a meio do teste lembrei-me de puxar pelo caderno, pimbas, apanhada :) Só voltei a isso no 1º ano da faculdade, já com cábulas a sério, mas tremia tanto quando as usei que não sei como a prof não apanhou... Depois, a cabeça foi ficando + fraca, o jeito foi-se aguçando, de vez em quando lá tinha de ser :op Já no meu último ano fui mesmo apanhada quando uma colega me passou as dela, que não tinham nada do que eu precisava!! Eu passei e ela chumbou, oopssss... ;o) Isto é uma vergonha estar aqui a contar à frente de "toda a gente".... E se te disser que no último exame, eu já não conseguia mesmo fixar nada, andava estoirada, levava 5 folhas de ponto (A4, 4 páginas cada) cheias???
Pronto, L., nunca mais me falas :)
(mas ainda bem que és atenta!)
Falo pois :)
ResponderEliminarSabes que nos exames nacionais e nos de equivalência à frequência as folhas de exame são dadas por nós e preenchidas na nossa frente. Além disso, como não podem ter cadernos, livros, malas, bolsas ou estojos sequer, também não há sítio onde se possam esconder folhas e trocar. Nos testes ao longo do ano isso pode acontecer e já proibi alunos de fazerem a composição na última página da folha de teste...
Da maneira como são os exames hoje não dá, não. Mas sabes que desde que se pudesse ter as nossas "tralhas" na cadeira ao lado e se não se estivesse à frente da sala, tirar folhas de ponto era relativamente fácil. Depois só entregavas o que estivesse assinado. Mas ainda bem que já estou livre disso tudo! :)
ResponderEliminar