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terça-feira, 19 de setembro de 2006

Palhaça

Este ano lectivo introduz algumas alterações burocráticas naquilo que até à data fazíamos. As práticas de sala de aula serão as mesmas, mesmo que a Ministra insista na melhoria de resultados, esquecendo sempre que os resultados traduzem o processo e que dificilmente existirão melhorias enquanto a dita Ministra e a sua equipa insistirem em que as turmas tenham entre 24 e 28 alunos.
As aulas de substituição, que prevêem que quando um professor falta a aula será substituída por um congénere, são o que mais me agrada e o que mais me aborrece. Nas faltas previsíveis o professor deixará o plano de aula e respectivos materiais, de forma a que a aula possa ser efectivamente dada e que os alunos não sejam prejudicados. Caso tenha de faltar ficarei muito mais tranquila se souber que não estou a prejudicar os meus alunos, de resto como qualquer professor consciencioso, preocupado e respeitador dos seus alunos. Concordo liminarmente que existam aulas de substituição dadas por professores da mesma disciplina mas discordo liminarmente com as actividades de substituição por professores de outras disciplinas, particularmente porque elas não têm como objectivo não prejudicar os alunos mas antes mantê-los ocupados. A Escola não é a Mitra ou a Casa Mãe do Gradil. O seu a seu dono. Posso até concordar que nos 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico tal seja admissível e necessário, tenho muitas dúvidas que seja profícuo no Ensino Secundário com alunos entre os dezasseis e dezoito anos. Irrita-me que sejamos obrigados a entreter os alunos, não a ensiná-los. Se quisesse entreter alguém tinha ido para palhaça. Não fui mas é o papel que me vão obrigar a fazer.

7 comentários:

  1. Quem ouviu ontem o programa da televisão e não é professor deve ter ficado com a ideia de que tudo está girando sobre rodas. Felizmente estou reformada, mas dei quase quarenta anos de aulas, em absoluta dedicação, muitas vezes pondo em segundo lugar a vida familiar. De que serviria isso agora, se estivesse no activo? Com certeza de muito pouco...
    Acho vergonhoso o modo como se fala dos professores, como se eles fossem os causadores de tudo... E onde ficam os pais? Quem deve dar educação e ensinar os meninos a respeitar os mais velhos, os professores e, quem sabe?, até os próprios pais? Até parece que os professores querem apenas ganhar dinheiro...
    Pena é que alguns de nós embarquem nas "palavrinhas" da Ministra.
    Haja paciência!

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  2. hoje em dia, e por aquilo que leio, acho que os professores são obrigados a serem pais, palhaços, sexólogos, padres ambientais, guias de visita de estudo, instrutores de condução, administradores de turmas, pregadores do ateísmo e da moral cristã (simultaneamente), introdutores das noções básicas de informática, polícias dos comportamentos dos alunos e tudo o resto menos...professores.

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  3. Nem mais, Carlos, e isso é que me irrita muitas vezes. Se cada um exercesse a sua função nós/eu poderíamos/poderia exercer a nossa: ensinar.

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  4. Na nossa escola, as aulas de substituição só vão ser dadas por professores da mesma disciplina. Mesmo assim, duvido da medida, em termos pedagógicos.

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  5. Excelente texto! Não podia esta mais de acordo. O programa deu-me vontade de vomitar( a parte que aguentei ver): aqueles PCE's ali, meninos de coro com ela toda ensaiada. Esta estúpida distinção entre questões pedagógicas e questões laborais é uma falácia considerando que o professor é muito mais para além do toque da campaínha ou a assinatura no livro de ponto. Parece que estamos numa fábrica a produzir em série. Mas é isto que temos... Há quem diga que muitos dizem amém por medo de retaliações, há quem diga.

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  6. Bem-vinda, fantasminha. E até já sei as horas da minha actuação agora, às quintas das 10.15 às 11.55 :(

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