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terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Numa sala de professores perto de si

Um colega folheava o Estatuto da Carreira Docente já publicado no Diário da República, de resto, era mesmo esse pedaço do diário desta república. Em conversa de circunstância, acrescentei algo de que nem sequer me lembro com exactidão, mas que seria a pergunta retórica em torno das alterações. Um outro atirou recriminador que, eu e o primeiro, estávamos cheios de pressa para que o documento entrasse em vigor. Fazer o quê? O Estatuto da Carreira Docente foi aprovado na Assembleia da República a dezanove deste mês, bom seria que a sua entrada em vigor dependesse da leitura atenta de um colega. Mau grado greves e protestos aquilo vai ditar o futuro de toda a classe docente e, portanto, o mínimo que se pode fazer, é informarmo-nos sobre o que vai agora reger as nossas vidas. Perante este argumento, bem mais breve do que aqui relato, o indignado agarrara-se agora ao argumento de que tal era tarefa da secretaria. Acrescentei que nós, professores, devemos estar informados, independentemente da secretaria, e se, por um acaso, a secretaria se enganasse? facto não muito comum na da escola a que estou ligada até ao fim dos meus dias, para o bem e para o mal, mas que ocorre com alguma frequência noutros estabelecimentos de ensino. O leitor atento do ECD* reiterou que queria estar informado, eu, obviamente, concordei e o outro continuou destilando ódios à Ministra da Educação e sei lá mais o quê, recriminando-nos subtilmente, pelo caminho, pela leitura atenta do ECD, como se tal implicasse a concordância e anuência com o conteúdo do documento em questão. Livrem-se, pois, de ler o ECD, nunca se sabe se não vão ser acusados de traição e arder numa qualquer fogueira ateada com cópias do Estatuto da Carreira Docente.
* Estatuto da Carreira Docente

4 comentários:

  1. Eu vou ler o novo ECD com atenção. Aquilo vai dizer-me como vou passar os anos que me faltam. Fazer o quê, agora?

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  2. Exactamente, Milucha. o pior é mesmo trabalhar até aos 65, no meu caso com 43 anos de ensino em cima :(

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  3. A minha perspectiva é a de trabalhar até aos 63, com 41 de serviço. Não é risonha! Vou tentar encurtar esse tempo, mesmo com penalização, porque a saúde e as forças, a paciência e a tolerância, já não são as mesmas de outras fases da carreira e da vida.
    Muita força para si, que ainda está cheia de projectos.

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  4. Acho que faz bem. Tento não pensar no tempo que falta, tenho medo da perda de dignidade perante os alunos, quando eu chegar aos 65, com 43 anos de serviço e o desgaste cada vez maior da profissão. Acho que o próprio Ministério vai querer ver-se livre de nós então. Quanto aos projectos serão cada vez menos, receio, os contextos nas escolas são complicados... Beijinhos

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