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quinta-feira, 1 de março de 2007

Estranho país

Por outros caminhos que não os habituais me levou aquele estranho dia de Fevereiro. Paulatinamente com o dia a esconder-se, percorri caminhos que me levariam a um fim de dia previsivelmente pouco risonho. A noite anunciava-se, luz havia, no entanto, suficiente para que do meu lado direito, pudesse observar sem dificuldade, também em virtude do trânsito, que numa via secundária escorregava ao ritmo do entardecer, calmo e temperado, um cartaz gigantesco com os tão anunciados dez melhores portugueses de sempre, eleitos pelos portugueses de hoje. O nariz aquilino, os olhos escuros, a expressão austera e sombria, a imagem a preto e branco, deixava inequívoco aquilo que tenho tentado esconder de mim própria, que uma parte dos portugueses contemporâneos escolhe entre os dez melhores da sua história aquele que durante quase cinco décadas os silenciou. Estranho país, este que elege entre os dez melhores o seu ditador.

8 comentários:

  1. Muito estranho mesmo.

    "...Mundo mundo vasto mundo
    se eu me chamasse Raimundo
    seria uma rima, não seria uma solução.
    Mundo mundo vasto mundo,
    mais vasto é meu coração. ..."

    Carlos Drummond de Andrade

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  2. Ando a tentar escrever qualquer coisa sobre isso sem chamar nomes feios, muito feios mesmo,(o «nosso» Livro de Estilo do GR proíbe;) ) a mais de metade da intelectualidade portuguesa que agora deu em revisionista...

    Dos 985343 palavrões inscritos no texto, já consegui eliminar 2. Penso que todos os outros são indispensáveis ;)

    Beijocas

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  3. Nem me fales... Assiste-se a um branqueamento dum animal daqueles. Coitadinho, era tão modesto, até morreu pobre... :(

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  4. Ontem também dei literalmente de caras com o senhor numa paragem de autocarro e ocorreram-me os mesmos pensamentos. Evidentemente, nós é que andamos ao arrepio da modernidade...

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  5. Além do mais, e salvaguardando as distâncias, é que se os alemães elegessem Hitler entre os seus dez melhores eram uns porcos nazis. Deste lado da Europa nunca houve totalitarismo, censura e fascismo... é tudo uma invenção dos comunas. Que bervos!

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  6. Nao e so um ditador: sao pelo menos dois,se contarmos com o Marques de Pombal.O Alvaro Cunhal tambem nao era propriamente um adepto ferrenho das democracias e o D. Joao II era um despota. Comeco a recear ter nascido num pais que aprecia regimes tiranicos e de forca, com pouco respeito pela liberdade individual

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