Páginas

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Welcome to Portugal

Teremos aterrado em Lisboa uns quarenta minutos depois da hora prevista em virtude do atraso na partida em Munique. De resto, a partida de Lisboa foi também uma boa meia hora além do horário previsto. Um problema com um passageiro impediu que saíssemos a horas. Em Munique apenas fomos informados do atraso sem outras justificações. Resignados esperámos de banco em banco, uma volta pelas lojas, até que finalmente embarcámos.
No tempo previsto de voo regressámos a Lisboa. Seguiram-se os trâmites de saída e, mais de uma hora depois de desespero junto ao tapete de recolha de bagagens, as primeiras malas começaram finalmente a aparecer. Aos bochechos, pois claro. Mais uma hora talvez até que a última rodasse no tapete e que este se recusasse a continuar. De todas as minhas alunas, apenas uma não tinha a mala. Reparei que também vários outros passageiros estavam sem a bagagem. Esperámos algum tempo na esperança que o tapete rodasse de novo, mas nada, rigorosamente nada. O ecrã, que antes alardeava o número e proveniência do voo, tinha-se apagado sem mais. Adiante-se que não se avistava nada nem ninguém que pudesse informar se ainda iriam sair mais malas.
Dirigi-me ao balcão de perdidos e achados para fazer a reclamação e tirei um ticket. A fila imensa de viajantes irritados não augurava nada de bom. Número 188, assim dizia o dito ticket branco, muito animador, se tivermos em conta que o 172 estava a ser chamado no momento e que celeridade é conceito ausente naquelas bandas. Olhei em volta e avistei uma assistente de terra da transportadora lusa. Abordei-a, tal como outros recém-chegados, um de língua inglesa mostrava-se irritado, os alemães, que tinham vindo no mesmo voo, idem. A dita profissional disse tranquilamente que era assim, que às vezes as malas demoravam até duas horas a chegar, como se fosse normal, natural e nosso dever esperar sem mais, acrescentou que não sabia se as malas já tinham chegado todas, para irmos vendo e, espante-se, afirmou para rematar que não havia ninguém mais naquela zona do aeroporto para dar informações, portanto, nada como esperar na fila, quer tivesse de se fazer reclamação ou não. Foi-se na sua pose altiva, o cabelo empinocado, a cara transbordando de base, os saltos marcando o ritmo, zigzagueando por entre os passageiros exasperados e deixou cada um à mercê de si próprio. Belíssima impressão para quem chega a Lisboa ou a Portugal.
A minha aluna começava a ficar cada vez mais nervosa, perfeitamente normal nas condições e naquela idade, tentei acalmá-la e enquanto eu fiquei na fila, ela foi ao tapete para ver se, por um acaso e artes mágicas, a mala apareceria. Passado mais um tempo, reparei no passageiro alemão que acorria para o lado esquerdo. Segui-lhe os passos, e deparei-me com um monte de malas encostadas a uma parede. Procurei em vão, disse à minha aluna para lá ir, quando regressou. Nada. Mais um tempo na fila, mais umas quantas idas ao tapete e, nem sei quanto tempo depois, a garota aparece-me sorridente e aliviada com a mala na mão. Rumámos dali para fora.
Se este é o momento indicado no contexto actual para se construir outro aeroporto tenho muitas dúvidas, se a Ota deve ser o local apropriado duvido bastante, tendo em conta o que tem sido dito e escrito. De uma coisa não me restam quaisquer dúvidas: enquanto não houver respeito pelos passageiros, o profissionalismo, competência e eficiência dignos de um país que se quer civilizado, não há Ota que nos valha. Fiquem mesmo na Portela, sempre têm a desculpa que o aeroporto está a rebentar pelas costuras.

7 comentários:

  1. Eu acho que os voos andam de mal a pior, e não é só cá. Os últimos voos em que estive ou de que tive conhecimento, sairam todos atrasados. Quanto às malas, os pais do P. foram a NY e chegaram lá bem, as malas é que não. Olha, "enganaram-se" no voo, foi no dia seguinte!
    Enfim... não há mesmo respeito pelos passageiros.

    ResponderEliminar
  2. Concordo contigo, não há respeito nenhum pelos passageiros, mas cá em Lisboa começa a ser demais. Não sei que voltas as malas vão dar, mas aparecem uma eternidade depois. Desta vez voámos com a Tap, coisa que não fazia há anos, e ainda foi pior. Em contrapartida quando chegámos a Munique, as malas demoraram o mesmo tempo que nós a chegar ao tapete, portanto, foi só chegar e andar. A mala de uma aluna chegou um bocadito mais tarde do que as outras, aparentemente, mas havia pessoas a quem perguntar e deram-nas todas as informações necessárias.
    Beijocas

    ResponderEliminar
  3. Mas se em vez da Ota, construirem a Ota e mais cinco aeroportos, de preferência todos situados em terrenos do Sr. Dr. Mário Soares, aposto que as malas vão começar a chegar certinhas.

    PS: na Portela já tive várias vezes problemas com malas, no Porto nunca. Aliás, o Francisco Sá Carneiro é um excelente aeroporto. Pequeno, arrumadinho, funcional. E os empregados não viram costas a quem lhes paga o salário ;)

    ResponderEliminar
  4. Acho que não há remédio para este país e então quando se chega da Alemanha as diferenças são ainda mais gritantes.
    Bjs

    ResponderEliminar
  5. (comentário deixado no GR)

    Foi-se na sua pose altiva, o cabelo empinocado, a cara transbordando de base, os saltos marcando o ritmo, zigzagueando por entre os passageiros exasperados e deixou cada um à mercê de si próprio.

    Adorei! é que é tal e qual!!!!! são assim mesmo as assistente(s) de terra da transportadora lusa! tal e qual!!!

    ResponderEliminar
  6. Obrigada Sinapse :-)
    Não há nada que mais me irrite do que a altivez e sobranceria das ditas senhoras....
    Boa Páscoa também.

    ResponderEliminar

Comments are welcome :-)