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segunda-feira, 30 de julho de 2007

A cidade e a aldeia

Viver na aldeia é giro. Viver na aldeia é saudável. Viver na aldeia é giro, saudável, divertido, tranquilo, didáctico, colorido. Da minha aldeia vejo o mar, cheiro a flor das nespereiras algures antes da primavera, aprendo quando podar as hortênsias, semear a batata mesmo que batata não semeie, sei quando é o tempo dos alperces, se aquele foi um ano de alperces assim aparecerá à minha porta a vendedora com o cesto. Por viver na aldeia tenho as crianças à porta no dia de Pão-por-deus, cantam-me as Janeiras quando o Natal se despediu e pedem ajuda para a quermesse lá para Julho. Viver na aldeia faz bem à saúde. Viver na aldeia faz bem à alma. Às vezes faz-me falta a cidade, o burburinho e o bulício, o movimento, a gente que vai e vem. Às vezes faz-me falta ser quem fui para continuar a ser a cidade.

9 comentários:

  1. Nunca se pode dizer "desta água não beberei" e o que descreves faz mesmo parecer engraçado viver na aldeia, mas eu não sei se conseguia... sou muito menina da cidade...

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  2. James Stuart é tão urbano (nasceu numa cidade, viveu sempre no centro de uma capital, vive no centro de uma capital... que cada vez que dá um pulinho lá na "terra" ao fim de dois dias já "bufa" por todos os lados.
    Mas porquê os vizinhos (diferentes, em acto contínuo e "procissando" passam no portão para espreitar, param e fazem conversa? Porquê tenho que levar batatas, tomate, feijão, ovos, grelos, cebolas e sei lá o quê mais comigo quando volto à cidade (e invariávelmente um ou dois dias depois estou de viagem aérea)? Porquê os cães têm que ladrar em uníssono toda a noite? Porquê todos têm Galos que me acordam quando quero passar um tempinho de descanso? Porquê a carrinha do pão passa às 6 da manhã a apitar frenéticamente pela aldeia adentro? E depois a do peixe às 7? e depois a do merceeiro às 8? Porquê pensam que todos os anos tenho que oferecer os mesmos 500 Euros para patrocinar o "fabuloso" espectáculo de música mais que pimba? Porquê insistem que participe num "chinquilho" (jogo da malha) aos Domingos a partir das 6 horas, para depois me atazanarem os ouvidos com conselhos e concluirem "ah, o menino é da cidade por isso nunca entenderá como se joga" Porquê me chamam menino? Porquê chamam os meus relativos de "tios"?... e etc, e etc... e o telemóvel não tem rede, e é os mosquitos...

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  3. Credo! Essa vida na aldeia parece martírio, cara James. Eu não nasci aqui, não sou daqui, portanto, se não também não conseguia cá estar. E pelo que conta, esta é uma aldeia muito "civilizada", há rede, não há padeiro, peixeiro ou leiteiro à porta, nem torneio de chinquilho. Nem se atrevem a pedir 500 euro, claro está... ;-)

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  4. Belíssimo texto, Papalagui. Belíssimo!

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  5. «Não sou daqui, mas gosto de aqui estar» Amélia Muge

    Um presentinho:
    http://www.youtube.com/watch?v=92gw1yVdaAc

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  6. Teu post me trouxe a lembrança de Elis Regina cantando:

    Casa no campo (Zé Rodrix e Tavito)

    Eu quero uma casa no campo
    Onde eu possa compor muitos rocks rurais
    E tenha somente a certeza
    Dos amigos do peito e nada mais

    Eu quero uma casa no campo
    Onde eu possa ficar do tamanho da paz
    E tenha somente a certeza
    Dos limites do corpo e nada mais

    Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
    No meu jardim

    Eu quero o silêncio das línguas cansadas
    Eu quero a esperança de óculos
    E um filho de cuca legal
    Eu quero plantar e colher com a mão
    A pimenta e o sal

    Eu quero uma csa no campo
    Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
    Onde eu possa plantar meus amigos
    Meus discos e livros
    E nada mais

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  7. Que delícia, pelo seu texto bonito dá pra perceber como é bom...
    Beijos,
    Martha

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  8. Obrigada a tods pelas palavras :)
    Estragam-me com mimos

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