Nisto do viajar as pessoas distinguem-se como na vida: há os mais entusiastas e excitados, logo no check-in da Portela, há os rabujentos, também evidentes logo no check-in da Portela, e que prolongam as reclamações, reparos e remoques entre o ir e o vir até à recolha de bagagem também na Portela, há os mais recatados e discretos, poucos é certo, os contemplativos, os que querem apenas acrescentar um visto à sua lista de locais a visitar antes da partida definitiva, os que tratam os monumentos e cidades por tu e também aqueles para os quais o local de visita presente é sempre pior do que quase todos os anteriores que visitaram.
Não sei exactamente onde me coloco mas sei que ao visitar um local que me agrada gosto de tirar uma fotografia no dito. Quando se viaja a dois, falta sempre um que tire a fotografia aos dois, portanto há que recorrer à simpatia dos estranhos. Na era das máquinas digitais, a coisa corre bem. Os fotógrafos mais tímidos pedem para ver se a fotografia ficou bem aos fotografados, os mais precavidos avisam apenas Vou tirar outra. A vida facilitou-se imenso com o ocaso das máquinas analógicas e, caso tivesse uma máquina digital daquela vez em que fizemos a travessia de ferry para a Estátua da Liberdade, nada daquilo teria acontecido e hoje podia contemplar a perspectiva perfeita a três, tal como a tinha idealizado.
À medida que deixamos Manhattan e lentamente nos aproximamos de Liberty Island, a Estátua vai adquirindo outra beleza pela proximidade, pela rotação. Acima de tudo, porém, pela imponência que surge de repente ali tão perto, e se vista de terra a estátua é um ponto de exclamação verde contra o azul do rio, estrategicamente colocada tão perto de Ellis Island, a porta de entrada de milhões de imigrantes também em procura da liberdade, a aproximação deixa bem clara a expressão, as vestes e o movimento do corpo, a tão famosa coroa e o facho flamejante. Nesse dia o barco estava carregado como sempre, com particular incidência num gurpo de mulheres asiáticas qu ao ritmo do deslizar mais veloz sobre o rio, se movimentavam como formiguinhas excitadas acorrendo ora de um lado ora de outro, aproveitando vorazmente a fugacidade com que Miss Liberty se oferecia, comportamento absolutamente compreensível por parte das asiáticas, de resto: não é todos os dias que nos encontramos frente a frente com um dos mais famosos ícones do mundo carregado de símbolos, a coroa com sete pontas e vinte e cinco janelas, a luz e a tábua com a data da Independência dos Estados Unidos, a imagem feminina iluminando os recém-chegados, libertados das amarras da velha Europa, pelo trilho da liberdade em sintonia com as palavras que não vemos mas sabemos existir no interior do pedestal. Abeirei-me de uma das turistas asiáticas e pedi-lhe que nos tirasse a fotografia, a tal a que me faz falta ali na estante da sala. A rapariga foi lesta, agarrou na máquina, Smile, Cheese, e outra vez, Smile mais cheese e duas fotos tiradas, agradeci, ela rumou para outro lado do barco e cada uma foi à sua vida. A minha, por exemplo, inclui duas fotografias com dois cromos sorridentes, ela num cantinho com meio rosto mal medido dentro do rectângulo, ele em grande plano e a Estátua da Liberdade a espreitar-lhe sobre o ombro. Mais artístico é impossível.
Não sei exactamente onde me coloco mas sei que ao visitar um local que me agrada gosto de tirar uma fotografia no dito. Quando se viaja a dois, falta sempre um que tire a fotografia aos dois, portanto há que recorrer à simpatia dos estranhos. Na era das máquinas digitais, a coisa corre bem. Os fotógrafos mais tímidos pedem para ver se a fotografia ficou bem aos fotografados, os mais precavidos avisam apenas Vou tirar outra. A vida facilitou-se imenso com o ocaso das máquinas analógicas e, caso tivesse uma máquina digital daquela vez em que fizemos a travessia de ferry para a Estátua da Liberdade, nada daquilo teria acontecido e hoje podia contemplar a perspectiva perfeita a três, tal como a tinha idealizado.
À medida que deixamos Manhattan e lentamente nos aproximamos de Liberty Island, a Estátua vai adquirindo outra beleza pela proximidade, pela rotação. Acima de tudo, porém, pela imponência que surge de repente ali tão perto, e se vista de terra a estátua é um ponto de exclamação verde contra o azul do rio, estrategicamente colocada tão perto de Ellis Island, a porta de entrada de milhões de imigrantes também em procura da liberdade, a aproximação deixa bem clara a expressão, as vestes e o movimento do corpo, a tão famosa coroa e o facho flamejante. Nesse dia o barco estava carregado como sempre, com particular incidência num gurpo de mulheres asiáticas qu ao ritmo do deslizar mais veloz sobre o rio, se movimentavam como formiguinhas excitadas acorrendo ora de um lado ora de outro, aproveitando vorazmente a fugacidade com que Miss Liberty se oferecia, comportamento absolutamente compreensível por parte das asiáticas, de resto: não é todos os dias que nos encontramos frente a frente com um dos mais famosos ícones do mundo carregado de símbolos, a coroa com sete pontas e vinte e cinco janelas, a luz e a tábua com a data da Independência dos Estados Unidos, a imagem feminina iluminando os recém-chegados, libertados das amarras da velha Europa, pelo trilho da liberdade em sintonia com as palavras que não vemos mas sabemos existir no interior do pedestal. Abeirei-me de uma das turistas asiáticas e pedi-lhe que nos tirasse a fotografia, a tal a que me faz falta ali na estante da sala. A rapariga foi lesta, agarrou na máquina, Smile, Cheese, e outra vez, Smile mais cheese e duas fotos tiradas, agradeci, ela rumou para outro lado do barco e cada uma foi à sua vida. A minha, por exemplo, inclui duas fotografias com dois cromos sorridentes, ela num cantinho com meio rosto mal medido dentro do rectângulo, ele em grande plano e a Estátua da Liberdade a espreitar-lhe sobre o ombro. Mais artístico é impossível.
Se encontrarem uma jovem asiática que tenha feito a travessia de ferry para a Estátua da Liberdade algures pelo fim da manhã num Julho pretérito, já sabem a quem atribuir os créditos da foto.
Jeitosa, a foto, realmente :) Já tinhamos falado nisto :)
ResponderEliminarSabes que ainda agora na Disney falei de ti sobre isso: comentei "tenho de ser mais como a L e deixar de ter vergonha para ir pedir para nos tirarem fotos, ou nunca temos nenhuma os 2!" :op
Mas com as máquinas digitais tens a questão de ter de explicar a alguém 10 vezes como é que aquilo funciona e têm de carregar no botão um bocadinho + de tempo ;)
ResponderEliminarEu tenho algum pudor mas pesando as coisas prefiro ultrapassá-lo para ter fotos com os dois. Temos tido muita sorte mas esta está no meu top ;-)
ResponderEliminarMas sempre é melhor do que ficar com uma assim ou outra que temos em Marraquexe. Depois de nos terem vestido a rigor a foto ficou toda tremida :(
ResponderEliminarLOL!!! Não te queixes, estão os dois + a estátua da liberdade!!!
ResponderEliminarA foto está bestial... (bestial de "best", não de "besta", entenda-se)
ResponderEliminaré que a besta que conseguiu essa foto acabou por fazer algo bem interessante. A estátua está lá, em segundo plano.
O que é importante afinal... não é a estátua?
Porque afinal fotografias das faces dos donos da máquina, até no check-in da portela se conseguem boas... nao faz falta viajar para longe...
lol
ResponderEliminarO mais engraçado é que só depois de "scannear" a foto é vi melhor :)