Páginas

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Dia do Animal

Human beings are the only animals of which I am thoroughly and cravenly afraid.

George Bernard Shaw

Os cães porque são meigos, fieis, jamais abandonam o dono, colam-se-lhe exigindo atenção mas retiram-se se repreendidos, obedecem, entendem claramente as faltas em que incorreram, abanam o rabo ao pressentirem os amigos, lançam olhares meigos a que ninguém com coração consegue resistir e retribuem sem contrapartidas a entrega de quem os quiser estimar. Os gatos porque são belos e magnéticos, elegantes e independentes, têm uma personalidade vincada e não influenciável, são territoriais, leais e gratos se bem lhes fizermos e, claro, quem resiste ao ronronar ternurento num dia de invernia à lareira, da rodilha de pelo felpudo em que se transformam nesses mesmo dias cinzentos, abrindo apenas uma fresta de olho para que nos saibamos vigiados? E depois há os pássaros, coelhos, hamsters, tartarugas, peixinhos multicolores, reptéis inclusive. Perceberão, pelas palavras acima desenhadas, que sou uma amante confessa e irrecuperável de gatos, prefiro-os aos cães, e portanto não posso concordar mais com Mark Twain: "If animals could speak, the dog would be a blundering outspoken fellow; but the cat would have the rare grace of never saying a word too much.” Uma questão de gosto apenas, esta minha paixão pelos felinos, mas uma coisa é certa, gatos, cães, periquitos, cágados ou coelhos, os nossos amigos a que chamam irracionais são uma fonte inesgotável de prazer, um prazer a que alguns escritores não são de todo indiferentes. Miguel Torga relata abundantemente esta relação tão especial e enriquecedora entre o homem e os animais, Eugénio de Andrade confessou também magistralmente com as palavras o amor pelos gatos –como o compreendo- e Manuel Alegre escreveu o amor transformado em livro pelo seu cão, parte integrante da família, que nós, os amantes de animais, conhecemos por dentro mas seríamos incapazes de escrever com tanta excelência.
Dizia Mahatma Gandhi que a grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pelo modo como os seus animais são tratados. Se assim fosse, muito haveria a dizer sobre Portugal e o constante abandono verificado, mais evidente nos períodos de férias. Deixo-vos com estas palavras, hoje que se comemora o Dia do Animal, de quatro patas, bem entendido, e menos asnos que muito burros que não zurram.

foto: Hélder

7 comentários:

  1. hoje o "Szerinting" plagiou "A curva da estrada".
    É a verdade... admite James Stuart, que somente publicou após Papalagui.

    ResponderEliminar
  2. Muito bem! Gostei!
    E que este País melhor neste aspecto!!

    ResponderEliminar
  3. Desculpe a intromissao mas vim dar ao seu blog por portas e travessas do ciberespaco ;.O seu cantinho, entre uma e outra risota, faz-nos reflectir, muitos parabens!
    Decidi escrever porque seu post me lembrou uma cronica de Luis Sepulveda sobre o abandono de um cachorro por um energumeno numa auta-estrada em Espanha, mas que poderia bem ser em Portugal. No caso da cronica, o autor apercebe-se e recolhe o cao. O que me espanta e que ja assisti a uma situacao em que ninguem se mexeu. Pergunto eu, se vissem uma pessoa no meio da estrada tambem passariam por cima?
    PS. peco desculpa pela ausencia de acentuacao mas o teclado de onde escrevo nao fala portugues :(!

    ResponderEliminar
  4. Esse bichano está aí numa pose. Que estilo...:)

    Beijocas

    ResponderEliminar
  5. Beijos a tod@s!

    Bem-vinda, nana e obrigada! Apareça sempre :-)

    Ai, ai James, a plagiar a papalagui? ;-)

    Carlos, este gato não é apenas um gato, este gato é o meu maninho com nome de realeza, Duarte, com quem dormi belas sonecas ainda em casa dos meus pais. Tem pose, é altivo e uma vontade de ferro.

    ResponderEliminar
  6. ao ver as tuas fotos de gatos, lembrei-me: odias participar no blog dumas amigas minhas:
    http://queridosgatos.blogspot.com

    Virginia

    ResponderEliminar

Comments are welcome :-)