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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Nem bem nem mal

Agosto. Algum calor. Uma tarefa ingrata entre mãos. Um colega de Matemática abeirou-se de mim. Trazia na mão uma folha A4 escrita e, ao dar-me a folha, disse Vê lá isto… Há aqui qualquer coisa que não está bem. O autor do escrito mantinha-se expectante entre os dois. Li e reli. Valha-me deus, alá e jah. Quem escreve assim só pode ter a cabeça num nó e num nó cego. Palavras amontoadas, unidas por conectores desconexos, vírgulas e pontos ausentes em férias dado o adiantado mês de Agosto. O de Matemática intentou Não está bem, pois não? O outro olhava à espera de um veredicto, enquanto eu procurava a forma mais airosa e menos ofensiva de lhe dizer que aquilo não estava mal nem bem, estava uma caca. Mais uma leitura, então, e as palavras surgiam-me cada vez mais desconexas, divorciadas umas das outras, um carreiro de letras rapioqueiras, que a cada leitura e provavelmente por me obrigar a eufemismos, nada a que os professores não estejam habituados, me surgiam ainda mais afastadas. Por mais voltas que desse ao texto, um relatório não muito dado a liberdades de criação literária, nada daquilo tinha nexo e, perante os olhares dos dois ansiosos por um veredicto, atalhei caminho e perguntei Mas o que é tu queres dizer? Assim talvez fosse mais fácil, assim com umas explicações talvez se tornasse mais clara a intenção. E hoje assim foi: um texto disforme, palavras encavalitadas, atropelando-se sôfregas, carecidas de um sentido lógico, um texto que não estava bem nem mal, estava uma caca, com maiúscula e a negrito, credo, mulher, que bicho te mordeu? e que outra solução encontrei, se não a de me chamar à pedra, sim, onde julgava eu que ia? e perguntar-me, antes de reduzir as letras a material virtualmente reciclável Afinal o que é que queres dizer com isto? Foi isto antes de me ir embora e desligar este bicho infernal de onde vos escrevo.

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