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terça-feira, 13 de novembro de 2007

Afinal havia outro

O Tibúrcio estava cabisbaixo. Deambulou entre uma e outra cadeira. Observei-o pelo canto do olho sentado numa cadeira de lado para a mesa, o rosto apoiado nas mãos. Mau, passa-se algo com o grande, o maior, o nosso Tibúrcio. Perguntar-lhe estava fora de questão, não fosse o Tibúrcio arremessar-me com uma das suas doutas tiradas ou questionar a legitimidade da abordagem Que queres tu? que como se sabe o Tibúrcio tem a cabeça toda em escadinha: ele no topo, grande como Moisés com as tábuas no Monte Sinai e o povo humilde, rasteiro, bem cá em baixo, dando vivas Quem é grande, quem é? O Tibúrcio regressou entretanto para o computador, resmungou algo entre dentes, maldisse a ministra da educação, rosnou ferozmente contra os pontos E eu? Eu? Grande. Douto. Admirado. Competente. Ai que se nos vai o Tibúrcio! Visivelmente agastado. Abatido. Deprimido. Pobre Tibúrcio. Que mal lhe afligiria agora? Cruzei-me com ele na escada mais tarde. Murmurou um cumprimento sumido e mal engendrado e, depois pelo queixume crescente, o alarido das gentes na sala de professores, percebi então o mal do Tibúrcio. A verborreia de sempre. Ah e tal, eu com tantos créditos e pontos e elogios. Uma palavra solta, uma frase completa da qual sobressaia O Melhor Professor. Era injusto bradava. Afinal não tinha sido ele. O Tibúrcio, o grande Tibúrcio. Uma injustiça, é o que é.

7 comentários:

  1. Oooooooooh, pobre Calimero. Que grande injustiça, mesmo!...
    :)

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  2. lol
    O Tibúrcio hoje já estava mais conformado, pobrezito :D

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  3. Por acaso nos meus tempos da secundária tive o privilégio de conhecer alguns Tibúrcios.

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  4. Convem é não dizer nada à Sra Ministra da Educação, não vá ela ter um chelique.

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  5. Alguma crueldade atinge o pobre coitado... que há vezes de chegar até a sentir pena do Tiburcio.

    Talvez por um pouco de Tibúrcio existir também no meu ser, por vezes incompreendido pelos fracos de espírito e rasteiros de inteligência que tanto sempre me rodearam.

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