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sábado, 24 de novembro de 2007

Centros comerciais

Há quem diga que centros comerciais são sítios feios, catedrais do consumo e consumismo, lugares sem alma, vazios de coração onde, quando entramos, deixamos abandonada à porta a nossa essência. Pois eu digo-te que não, porque para mim todos os sítios podem ser belos, se a nossa alma também o for. E como a sinto tranquila e recostada na almofada da paixão, de igual modo se me revelam os espaços físicos e temporais por onde contigo deambulo, espelhando o estado de alma abençoado. O poeta dizia há metafísica bastante em não pensar nada. Eu, que gosto muito do poeta, digo-te, meu amor, há uma plenitude indizível em não pensar nada, se estamos lado a lado, porque não precisamos de nada pensar, que o sentir basta-nos para viver. Que interessa se passeamos entre gente apressada e tropeçamos em sacos de plástico ou de papel reciclado, repletos de marcas e slogans publicitários? Importa, se nos movemos em nuvens de fumo ao som de música estridente e nos perdemos, por segundos, na multidão exaltada e irrequieta, se sempre juntos em nossa alma estamos? Incomoda-te, quando mergulho nas camisolas coloridas ou brancas, nos tops básicos monocromáticos ou nas t-shirts com florzinhas azuis ou arabescos laranja? Não, pois não? Porque, se te pergunto gostas desta? Tu, a quem pouco movem as camisolas, olhas e respondes que sim, a mim tudo fica bem, dizes. Pensas com o sentir, meu amor, e por isso me dizes tão bela. O amor é uma companhia. / Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só dizia o poeta. Também eu já não sei andar só pelos caminhos.

7 comentários:

  1. :')

    Está lindo! Também adoro Caeiro e este post é um autêntico poema!:)

    Parabéns!

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  2. Não há sítios feios quando nós estamos felizes.
    Gostei muito deste texto!Há muito amor no que escreves.
    Beijo grande

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  3. Obrigada
    Este texto já é vetusto, tem uns 8 anos :-)

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  4. Belíssima declaração de amor. Mesmo vetusta, é com certeza actual. Ou não estaria aqui, não é?
    Um beijo, Leonor. Já tinha saudades de ler os teus textos.

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