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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sem ti


Duas das três pessoas presentes nesta fotografia fazem agora parte da mágoa ingrata que me trespassa cada dia que vivo: o meu primo que me dá o braço e o meu pai que tirou esta fotografia. Idos os dois por esta ordem, primeiro o meu primo, a morte pela sua própria mão, depois o meu pai, ausente e partido também com a ausência do meu primo nele e a pergunta sempre por responder, a manhã alvoraçada com a aflição da minha mãe e choro convulsivo por essa viagem voluntária do meu primo numa manhã cinzenta de Janeiro. Quatro anos passam hoje, quatro anos de cogitação, quatro anos de incerteza, quatro anos de mágoa, rais parta, Né, não podias ter antes bebido uns copos, dito uns disparates e esperado por dias sorridentes? A vida continua sem ti, já sabes, os dias sorriem, as árvores floriram de novo, ano após ano, a macarronada da madrinha continua deliciosa, o tio já não mora aqui, tu sabes, mas nada é igual sem ti, Né, e disso também tu sabias.

9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É triste, mas gostei de ler.
    E de facto a vida continua!
    Bjo

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  3. Estas coisas são sempre inexplicáveis e incompreensíveis para quem fica. Quem fica é que sente, sempre.
    Beijo grande.

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  4. Uma visita rápida há muito devida.O tempo tem sido ingrato, a sorte também... Gostei de ver, na foto, a Nônô que guardo na memória e no coração. A que perguntava pela bananita ;D
    Entendo muito bem a mágoa
    que o tempo só pode atenuar, não curar.A vida continua, mas nunca nada mais volta a ser como era.
    Os seus textos valem tanto a pena que espero nunca ver desaparecer este espaço. Sei que os blogues às vezes deixam de nos apetecer.Eu estou um pouco nessa fase. Que o seu lhe apeteça a si, sempre. Aos amigos sei que apetece. Sempre.
    Um abraço.

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  5. às vezes não sei se "invada" os blogs que vou encontrando neste vasto mundo da blogosfera. mas hoje apetece-me dizer algo, talvez aches disparatado ou talvez não, talvez percebas ou talvez não, talvez apagues o comentário ou talvez não. por isso perdoa se vou longe de mais, num assunto tão intímo.
    o suicídio é algo trágico. é um grito sem voz. é, em parte, uma desistência. não dos que se ama, mas do próprio. porque não se aguenta mais, porque já não se quer mais. o suicídio não é culpa de ninguém, mas traz dor.
    sê forte.
    beijinhos de quem não te conhece, apenas virtualmente*

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