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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Dez anos de Prémio Nobel da Literatura


Se Deus, que lá do alto, vê tudo, vê tudo assim tão mal, então mais lhe valia andar cá pelo mundo, por seu próprio e divino pé, escusavam-se intermediários e recados que nunca são de fiar, a começar pelos olhos naturais, que vêem pequeno ao longe o que é grande ao perto, salvo se usa Deus um óculo como o do Padre Bartolomeu Lourenço.

José Saramago, Memorial do Convento


foto: minha

9 comentários:

  1. Parabéns a José Saramago! E parabéns a nós, portugueses, por termos um Prémio Nobel da Literatura! Que venha outro... por que nâo? Não nos falta "matéria prima"... :)

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  2. Já, dez anos? Caramba, como o tempo passa... Podia jurar que não tinha sido há mais de 5!
    Já era altura de darem um ao Lobo Antunes, não? :)

    Beijoca *
    Mariana

    (só para te dizer que quase nunca comento mas passo para te ler todos os dias)

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  3. Para mim, o Memorial do Convento continua a ser o melhor livro de Saramago. Ou talvez tenha sido o que mais me impressionou, por ter sido o primeiro que li dele. Havia nele, nessa época, uma frescura que se perdeu.
    Assumo que não gosto do homem, da arrogância e das atitudes, mas não há como não admirar o escritor.

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  4. Parabéns a Saramago, claro! :-)

    Eu também te visito todos os dias, Mariana. Obrigada por cá vires. O Lobo Antunes também merecia o Nobel, completamente de acordo :-)

    Ana, eu gosto da escrita de Saramago e continuo a gostar. Acho As Intermitências da Morte um livro belíssimo mas não li a obra toda de Saramago, só li quatro livros.
    Acho que os escritores devem ser conhecidos pela obra, a figura pública do escritor pode e perturba muitas vezes a relação que o leitor tem com a obra, essa a mais importante. Vive-se numa época em que alguns autores são elevados antes da obra e admito que tenho muita dificuldade em sentir simpatia ou vontade de ler os livros quando assim é. Posso parecer Velho do Restelo mas admiro muito os escritores que sem manobras de marketing chegaram onde chegaram, entre estes estão muitos naturalmente, Saramago e Lobo Antunes também. Tenho a certeza que tu estás na categoria de escritores discretos que não se impõem aos leitores e privilegiam a obra.
    E ainda, acho que a figura pública do escritor é uma personagem criada pelos próprios e pelo seu percurso, daí os 'bonecos' de Saramago e Lobo Antunes.
    Beijinho

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  5. Eu gosto do Saramago. Gosto da forma como ele fala, sem papas na língua e problemas, do que vai mal, aqui e em muitos sítios. Compreendo que se torne incómodo e que seja desagradável ouvi-lo, mas como não sou particularmente patriótica e concordo com ele em tanto do que diz não tenho esses problemas.
    E concordo com a Leonor: admiro muito mais o "self made man" (ou woman, claro) do que o escritor cuja imagem é vendida e revendida, virada do avesso e exposta até à exaustão. Admiro os livros, as letras. Normalmente nem me interessa saber muito sobre a pessoa que escreve. O Saramago é excepção.

    E o livro dele que mais mexeu comigo foi o Ensaio sobre a Cegueira.

    *
    mariana

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  6. Dou por mim a passar a direito nos escaparates de novos autores portugueses, não posso com a auto-promoção e com gente que é levada ao colo só porque tem este ou aquilo apelido ou amigo. Pode parecer um lugar-comum, mas é a realidade.
    Também gosto da frontalidade de Saramago, Mariana, ele esteve muito bem no último comentário ao filme "Blindness".

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  7. Leonor, agradeço-te o carinho mas eu estou muito longe de considerar-me uma escritora. Tenho demasiado respeito pela palavra "escritor". É verdade, sim, que não faço nada pela promoção da minha imagem ou dos meus livros, é uma atitude pessoal que está entre a preguiça e uma aversão natural por esse tipo de coisas. E não me importo nada de pagar o preço inerente.

    Respondendo à Mariana, não é pelo incómodo de ouvi-lo dizer verdades desagradáveis que não gosto do Saramago-homem (também gosto de gente sem papas na língua), é porque não acho que sejam verdades, nem que ele tenha razão a maior parte das vezes que abre a boca... mas sempre soube separar um autor da sua obra, e acho a obra dele notável.

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  8. Ana V., não posso concordar mais quando falas da separação de um autor da sua obra. Normalmente também o faço. Mas há algo no Saramago que é diferente. E eu acho que ele diz muitas verdades.
    Mas se todos gostássemos do azul, o que seria do amarelo, não é? :)

    Beijoca *

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  9. Nem mais, Mariana.
    Outra beijoca.

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