Vou ao médico a contra gosto, não que as idas ao médico me incomodem de sobremaneira mas a espera, senhores, a espera, as revistas do século passado, as cusquices requentadas e, por vezes, as lambisgóias que nos aguardam e acompanham na antecâmara das sessões de tortura, espreitadelas e revolvimento de entranhas deixam-me irritadiça e só desejo o momento em que pelo meu próprio pé, odeio ser levada por outrem, possa dar corda aos sapatos e fazer-me à vida com um molho de papelada nas mãos e o diagnóstico feito para finalmente descansar em casa, a caldos de galinha.
Ontem não foi excepção. Acometida por um catarro, dores de garganta e febre, agora com esta provecta idade, deu-me para ter febre, outro remédio não tive se não dirigir-me ao Centro de Saúde para me deixar medicar contra este catarro aflitivo, raios o partam. Logo após o jogo do Benfica, assim ditou o ritmo no recato do lar e a minha temperatura inusitada, aí fui, irritada logo de casa. É que já não chega estar doente, ainda ter de me sujeitar ao parecer técnico, deslocar-me ao médico e escolher um clínico do Serviço Nacional de Saúde, caso seja necessário um atestado só pode ser passado por um médico do dito serviço, deixa-me, à partida, irada e farta, além de doente, traçando assim um quadro da maior harmonia.
Graças a Deus, Alá e Jah, tinha apenas uma pessoa à minha frente e fiquei mais tranquila quando soube que um dos médicos de serviço é rapaz de resposta rápida, competente e perspicaz, capaz de vislumbrar à légua as enfermidades, uma verdadeira Rosa Mota do atendimento. Quando uma vez tive uma reacção alérgica não se sabe exactamente a quê, enfiou-me com duas injecções que até vi estrelas, planetas, cometas, o sistema solar todinho e ainda galáxias desconhecidas, mas uma coisa é certa, curou-me. O atendimento foi também à velocidade da luz, de tal forma que saí meio vestida meio por vestir, que é lá isso, ocupar lugar nas urgências? para me derramar agarrada à nádega na primeira cadeira que encontrei cá fora.
Reconheci pela voz que seria o médico, o tal, que chamava pelo meu nome. Logo na entrada, olhou-me bem de frente e perguntou-me ao que vinha. Depois do queixume, há que aproveitar a oportunidade para largar queixas e lamúrias, rematou Pois e deixe-me adivinhar tem que falar muito… Pasmei Como é que sabe que sou professora, doutor? Tenho cara de professora? Atirou-me Cara e cabelo! Tendo em conta que tinha estado toda a tarde a dormitar no sofá a minha trunfa não estaria exactamente calma, nunca está, de resto. Quis saber como sabia que eu era professora, a curiosidade feminina é terrível, mas ele só me sorriu, bem-disposto e jocoso, para me deixar a matutar em como teria ele tido acesso a esta informação. À saída ainda me perguntou Então, também foi à manifestação? Já não se consegue passar anonimamente, há sempre uma trunfa que nos denuncia.
Ontem não foi excepção. Acometida por um catarro, dores de garganta e febre, agora com esta provecta idade, deu-me para ter febre, outro remédio não tive se não dirigir-me ao Centro de Saúde para me deixar medicar contra este catarro aflitivo, raios o partam. Logo após o jogo do Benfica, assim ditou o ritmo no recato do lar e a minha temperatura inusitada, aí fui, irritada logo de casa. É que já não chega estar doente, ainda ter de me sujeitar ao parecer técnico, deslocar-me ao médico e escolher um clínico do Serviço Nacional de Saúde, caso seja necessário um atestado só pode ser passado por um médico do dito serviço, deixa-me, à partida, irada e farta, além de doente, traçando assim um quadro da maior harmonia.
Graças a Deus, Alá e Jah, tinha apenas uma pessoa à minha frente e fiquei mais tranquila quando soube que um dos médicos de serviço é rapaz de resposta rápida, competente e perspicaz, capaz de vislumbrar à légua as enfermidades, uma verdadeira Rosa Mota do atendimento. Quando uma vez tive uma reacção alérgica não se sabe exactamente a quê, enfiou-me com duas injecções que até vi estrelas, planetas, cometas, o sistema solar todinho e ainda galáxias desconhecidas, mas uma coisa é certa, curou-me. O atendimento foi também à velocidade da luz, de tal forma que saí meio vestida meio por vestir, que é lá isso, ocupar lugar nas urgências? para me derramar agarrada à nádega na primeira cadeira que encontrei cá fora.
Reconheci pela voz que seria o médico, o tal, que chamava pelo meu nome. Logo na entrada, olhou-me bem de frente e perguntou-me ao que vinha. Depois do queixume, há que aproveitar a oportunidade para largar queixas e lamúrias, rematou Pois e deixe-me adivinhar tem que falar muito… Pasmei Como é que sabe que sou professora, doutor? Tenho cara de professora? Atirou-me Cara e cabelo! Tendo em conta que tinha estado toda a tarde a dormitar no sofá a minha trunfa não estaria exactamente calma, nunca está, de resto. Quis saber como sabia que eu era professora, a curiosidade feminina é terrível, mas ele só me sorriu, bem-disposto e jocoso, para me deixar a matutar em como teria ele tido acesso a esta informação. À saída ainda me perguntou Então, também foi à manifestação? Já não se consegue passar anonimamente, há sempre uma trunfa que nos denuncia.
Quer uma pessoa passar incógnita e é isto: reconhecimento capilar!
ResponderEliminar;-)
Beijos
Deve ser o Simplex :)
ResponderEliminarE já agora Leonor, está melhor?
Então era uma mistura de Sherlok e Watson.
ResponderEliminarOutra possibilidade: não teria giz na manga do casaco?
Desculpe o atrevimento (que é um elogio): o texto parece ter vontade de contar outra história, ou que esta não acabe (estou a falar no texto em si, não da vida de ninguém).
Fiquei curiosa, Pitucha
ResponderEliminarEstou melhor, obrigada, só queria que passasse a febre.
Lol, info-excluido. Vou falar com o texto para ver se o malandro nos esconde algo ;-)
Ai, ainda bem que deu para rir...
ResponderEliminarestava com medo que não achasse piada. Eu falei do texto 'em si' (nele), mas depois fiquei na dúvida se podia dar assim a minha opinião (especialmente, num blog assinado (acho)), porque o texto não fala de personagens.
Mas olhe que é sempre boa ideia falar com os textos.
Claro que pode dar a opinião, é sempre bem-vinda :-)
ResponderEliminarOs meus textos são um bocado fugidios, nem sempre os consigo apanhar para uma palavrinha, os malandros.
Vamos por partes, Leonor... Primeiro vou omitir que me ri a valer com a história de um catarro, dores de garganta e febre alheia, o que não é nada bonito. (Pronto já disse... risos) Por fim, resta-me desejar-lhe as melhoras. :-)
ResponderEliminarNão faz mal, Mike, ainda bem que se riu, até eu me ri ontem quando o médico me disse que tinha cabelo de professora... A faringite, malvada, cá vai. O próximo passo é ir ao otorrino que já é a terceira que tenho este ano.
ResponderEliminarBeijinho :-)
Mas isso não é coisa de criança? (risada)
ResponderEliminarEu também achava que sim... ;-)
ResponderEliminarLOL! Quem diria que o cabelo falava por nós :)
ResponderEliminarEspero que já te sintas melhor.
Beijos.
E o seu magnífico «coiffeur» mineiro, Leonor, ainda continua desaparecido? ;-D
ResponderEliminarP.S.: Votos de muito rápida recuperação.
Estou furiosa com esta minha faringite, as melhoras são lentas :(
ResponderEliminarO meu 'coiffeur' mineiro já voltou, Luísa, nem ele sabe que é tão famoso ;-)
Querida Leonor,
ResponderEliminarbem, eu acho que o clínico foi muito hábil: quando Lhe disse que tinha de falar muito também podia estar a englobar a alternativa de a Minha Amiga ser política (que o Diabo seja surdo cego e mudo). Deixando cair a observação perspicaz, ouviria sempre um "como sabe que sou Professora?", ou um "como sabe que sou Política?" revelador. Claro que poderia ser qualquer outra coisa, mas como isto vai, somos todos ou docentes ou indecentes, quer dizer pró-governantes.
E o que mais me custa é que, se a trunfa revela quem dá saber, o trunfo ainda desvela quem tem poder.
Beijinhos e melhoras
Que o diabo seja cego, surdo e mudo, caro Paulo, diz muito bem. Já me chega ser professora, quanto mais política... Aceito os seus argumentos parcialmente. A questão permanece: De onde me conhecerá o clínico?
ResponderEliminarBeijinho e obrigada pela visita :-)
Puxa, uma professora que sabe escrever! O médico que não saiba disso, se não fica internada indefinidamente...
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