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Gebrauchsanweisung für Portugal, assim se chama o livro. Traduzido à letra significa Instruções de Uso ou Manual de Instruções e fugindo quer aos manuais de instruções, quer aos comuns guias de viagem, o autor discorre sobre o país. Neste Manual de Instruções de Portugal, com o qual me cruzei em Munique há uma boa meia dúzia de anos, Eckhart Nickel é o escriba, Portugal o objecto da escrita e da escrita transparece o amor incondicional por este país de fadas - Märchenland-, assim o considera. A paixão por Portugal nasceu de forma fortuita, mas como todas as paixões, intensa e arrebatadora. Conta que, numa triste tarde de Dezembro de céu ameaçadoramente cinzento prometendo neve, ele e um amigo não conseguiam prosseguir com o trabalho entre mãos e que, ao procurar algo que os consolasse da inacção e invernia, depararam-se com uma garrafa de Vinho do Porto Niepoort na garrafeira da cave. O primeiro gole como um orgasmo. O Inverno lá fora esquecido e o desejo de conhecer mais sobre o país de origem dessa verdadeira poção mágica apresentou-se de imediato como um apelo irresistível, guiando posteriormente Eckhart Nickel a Portugal.
Poupar-vos-ei a traduções de qualidade duvidosa – traduttore=traditore – nas páginas deste livro encontro mais do que julgo sermos e, mesmo se, aqui e ali, espreita timidamente o paternalismo do país pequenino, como se quer um país de fadas, há um encanto permanente nas gentes, um fascínio pela História e pelos escritores, bem presente nas citações frequentes de Bernardo Soares, uma surpresa nos hábitos do quotidiano em que as novelas e a gastronomia ocupam lugar de destaque e, acima de tudo, um carinho imenso por este lugar que Nickel descobre e se redescobre a cada linha.
Texto repescado a propósito do livro.
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