Convivo numa base diária com um desses seres extraordinários que encontram uma explicação esotérica para todos os fenómenos que nos rodeiam, pessoal ou profissionalmente. Naquilo que uns vêem coisa nenhuma ou apenas uma grande acaso ou uma fortuita coincidência, este ser de luz e mezinhas encontra desígnios e caminhos de uma grande ordem esotérica que, felizmente, escapa à maioria – mal de mim se tivesse de aturar isto sempre. Admito que a espaços até lhe acho piada. Sei pelo olhar ou sorriso que foi encontrada uma explicação para o perfume que se pôs no ar, a corrente de ar que atravessou a sala ou para os energúmenos – e quantos – que se atravessam nas vidas comuns de gente comum, na minha inclusive. Sabendo de antemão a teoria, as dificuldades surgem para que cresçamos, evoluamos e percorramos esse calvário de vidas passadas, o karma que se nos agarrou à nascença e que só percorrido nos libertará, ou coisa que o valha, prevejo com relativa facilidade – será porventura o meu karma?- a resposta adequada.
E assim vou vivendo tranquila, sem lhe dar grande crédito, confesso, nem sempre tenho paciência para estes devaneios onde os insubordinados e mal-educados me foram postos no caminho para que eu evolua. Ficaria eternamente grata se fossem fazer progredir ou evoluir outros necessitados seres e me deixassem cá sossegada, de preferência, sem ter de me irritar frequentemente e chamar a atenção para tudo e mais alguma coisa. Se viram A Turma sabem exactamente do que falo.
Mas hoje – há sempre um mas e também um hoje- fiquei estupefacta ao ler este comentário e fui na senda da notícia. Aparentemente o Ministério que me tutela, ou o organismo competente para o efeito, acreditou uma acção de formação sobre crianças índigo, os tais seres que se me atravessam na vida profissional e que afinal não são insolentes e malcriados, são seres de outro mundo, de aura colorida que têm uma grande dificuldade em aceitar a autoridade. Esta será umas das acções de formação acreditada para efeitos de progressão na carreira – ainda não consegui entender de todo onde foram buscar o enquadramento legal para a dita- o que não deixa de ser uma coisa do outro mundo, uma vez que actualmente o professor só pode formar-se em áreas que sejam do interesse da sua escola. Seria pois de esperar que o Ministério da Educação tão interessado em promover o rigor e competência apostasse nos mesmos.
Estou ansiosa que tal chegue à minha escola. Deve haver um desígnio superior para tanto dislate, tal como me ensina diariamente a criatura de luz. Depois das acções de formação de TIC e de outras sobre a avaliação de professores, eis que surge este fenómeno. Agradeço que me avisem quando houver algo verdadeiramente importante e que forme profissionais mais competentes cientifica e pedagogicamente. É disso que precisamos. Tudo o resto é conversa fiada e muito triste.
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Olha ... só me ocorre uma palavra à laia de comentário ... incredulidade!
ResponderEliminaro Ministério que me tutela, ou o organismo competente para o efeito, acreditou uma acção de formação sobre crianças índigo ... não, não é possível!
lol!
O pior é que é mesmo possível, Sinapse. A seguir virão cursos de astrologia, tarot e numerologia para melhor nos entendermos na escola :-)
ResponderEliminarJá agora, que façam também um curso de "artes marciais"...
ResponderEliminarDava-me cá um jeito!