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sábado, 30 de maio de 2009

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O primeiro ensinamento que tirei quando cheguei a Paraty foi que não se deve beber água de coco quando se vai fazer uma viagem longa de carro, com poucos sítios para parar à beira da estrada excepto o mato brasileiro frondoso e tropical Pelo meio da manhã de um dia quente e luminoso apareceu o transfer, à porta do hotel, em Ipanema. Um táxi apenas, sem mais turistas, e a recepção calorosa do taxista, Sérgio de seu nome, simultaneamente guia durante o caminho longo entre o Rio e Paraty. Não tivesse eu bebido um dos néctares mais simples mas mais saborosos que conheço também pelo ritual em si e a simplicidade do fruto catado pela cabeça e a singela palhinha, teria achado o caminho bem menos longo. Uma vez chegada a Paraty, só tinha algo em mente, sempre o mesmo, acompanhado do grilo falante Nunca mas nunca mais te lembres de beber água de coco e assim que entrei na Pousada rompi de imediato com uma das regras do sítio: não usar sapatos durante a estadia no local.
E depois de arrumadas as malas e instalada bem lá no último piso do sobrado com um terraço de chão de madeira e uma rede amarela tão convidativos que lá ofereci o corpo beijado pelo sol à descontracção, arrumei os meus dias no Rio e me abandonei ao reencontro com as minhas origens, o deve e haver da matriz miscigenada, foi pôr pé nas ruas de paralelepípedo e adentrar uma das vilas mais acolhedoras que conheço. A vegetação exuberante e as montanhas em pano de fundo, o casario bem cuidado, os sobrados e a calçada, a praça de dia mais tranquila e de noite animada pelos artesãos, uma caipirinha com a cachaça certa e, acima de tudo, a mistura alquímica de que são feitos todos os lugares mágicos que nos preenchem a alma: algo indizível, dificilmente descritível, algures entre a plenitude e a nostalgia que transportamos como uma tatuagem na alma. Um passeio de escuna para me banhar nas águas mais tépidas e prazeirosas que conheci no Brasil e para sempre o ar quente e húmido, exactamente como eu gosto, o calor displicente que embala os corpos e amacia a alma e depois mais uma volta no mato para o banho indispensável de cachoeira, há sempre uma cachoeira à nossa espera no Brasil, e depois voltar e guardar bem perto do coração aquele pedaço de Brasil mesclado com Portugal e sentir esta vontade de perdidamente voltar.

fotografia minha

14 comentários:

  1. Para além da leitura de um texto delicioso, Leonor, só queria dizer que percebo tão bem o que viveu em Paraty... eu, que conheço quase como as palmas das minhas mãos, todo esse fascinante e sedutor litoral norte do Estado de São Paulo até ao Rio de Janeiro (Angra dos Reis e Búzios). :D
    E este texto faz justiça a esse magnífico local.
    (Creio que Paraty é Património Mundial).

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  2. Revejo-me totalmente no texto que escreveu. Há uns quatros anos estive lá. É impressionante o sentimento que se tem de uma identificação completa com o local. É estar no Portugal de antanho, mas com a suprema sensação de algo mais. A imbricação entre culturas é uma riqueza sem limites. O local é um paraíso para os sentidos e para a alma.
    A minha opinião é suspeita porque sou um apaixonado pelo Brasil. Já perdi a conta às vezes que lá fui e conneço-o relativamente bem. Uma coisa posso dizer - quase todos os dias penso qual será o próximo destino que escolherei.
    Beijonhos para a Leonor
    Vítor

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  3. Paraty é Património Mundial sim, Mike. Conheço Búzios, Angra só de passagem. Como a minha avó paterna e tia eram brasileiras em minha casa sempre se viveu e respirou Brasil, desde o vocabulário à gastronomia. Esta viagem foi o concretizar de um sonho. Estive anos para ir ao Brasil, porqe a primeira cidade que queria conhecer era o Rio e assim foi. Foi um encontro emocionado comigo própria.

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  4. Bem-vindo, Vítor. Foci muito contente de o ver por aqui :-) Partilho essa paixão pelo Brasil e nem discuto com quem acha que é/foi destino da moda. No ano passado estive em Pipa por acaso e porque deixou de ser destino da moda cá em Portugal ainda me pareceu melhor. Mas esta viagem de que falo foi talvez a melhor da minha vida, também pelas razões afectivas. Cá em casa brincamos que quando a reforma chegar deixamos tudo em Portugal e vamos para o Brasil. Há algo que nos prende a Paraty.

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  5. Leonor

    Há 2 coisas em que sou perfeitamente sectário e dogmático, apesar de me considerar um tipo de mente bem aberta, que são;

    1 - Brasil - recuso-me a discutir com quem acha que o Brasil é um destino de moda.

    2 - Recuso-me a discutir com quem acha que os Beatles não são os maiores de sempre (excluindo os clássicos, claro).

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  6. Boa, Vítor! :-)
    Eu sou mais Rolling Stones mas admito que os Beatles são um marco. Um dia destes, imagine só, tinha os meus alunos a cantarolar Beatles, a prova de que se não são os maiores, andam lá muito perto.

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  7. Que engraçado, também estive em Paraty há quatro anos.

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  8. Ah ah, Leonor

    Rolling Stones? Os malucos e génios da música que melhor sabem controlar as suas doideiras?

    Não Leonor - 1º os Beatles, depois logo, logo a seguir os Stones, um degrauzinho abaixo :-)

    Sabe qual é um dos meua maiores sonhos? Digo-lhe; assistir a um concerto dos Rollings assim numa sala tipo 150 m2, ou seja, mesminho ao pé deles :-)
    Vítor

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  9. que maravilha, Leonor...
    e eu que não conheço Party?
    bjo

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  10. Vítor, aqui há uns anos quando havia um programa de televisão em que se faziam surpresas às pessoas ainda tentei comvencer as minhas amigas para me inscreverem para jantar com o Mick Jagger - não era uma óptima surpress?- mas nada ;-)

    Martha, o Brasil é tããão grande ;-)
    Beijo

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  11. Já há muito que Paraty me convenceu, este post foi só um reforço desse estado.
    Cumprimentos

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  12. permita-me, sobre paraty
    http://wwwmeditacaonapastelaria.blogspot.com/search/label/Paraty

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  13. Já lá fui, Ana Cristina, e gostei muito. Paraty reune consenso por aqui. O que eu queria mesmo era ir à FLIP em Julho próximo.

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