E regresso ao elevador com a cidade a esconder-se nos braços da noite. No miradouro de S. Pedro de Alcântara, os corpos abandonam-se à languidez da tarde em bancos de jardim. Turistas lançam um último olhar e a descida recomeça. Da irlandesa e do sérvio não há rasto. Ter-se-ão perdido na grandeza de um espaço acolhedor e mágico, perdido na mistura do passado e do presente e na sua própria mistura. No elevador um grupo de turistas italianos, um casal de ingleses e brancos e pretos e morenos e louros e velhos e novos. A mistura necessária para que a riqueza intelectual e cultural prevaleça. Assim é o Chiado.
(fim)
Um poema sem fado
ResponderEliminarSão tantas as palavras num fado
é uma língua diferente, como uma onda virada que se contorce no mar
ou uma estrela pousada no mesmo lugar
e um telhado perdido na cidade que eu amo,
continuo a amar
As palavras que eu canto no sussurro de um fado
sonhadoras perdidas
peregrinas
promessas de antes...uma fatalidade
Sendo tudo ao acaso a verdade é que o fado acontece-me assim
é uma história escrita
um quadro obra-prima
é um sol deitado sob um telhado perdido na cidade que eu amo,
continuo a amar
as palavras num fado são a língua da rua,
um alento, um amor, uma luz boa.
Leonor, gostei imenso desta sua reportagem, e da chamada de atenção para alguns «pitorescos», em que nunca tinha reparado. Fico a aguardar o próximo ensaio… talvez sobre o triângulo Castelo – Graça – Alfama? ;-)))
ResponderEliminarEu, como a Luísa, também gostei. Muito. :)
ResponderEliminarObrigada pelo seu contributo sempre tão inspirado, Ana :-)
ResponderEliminarForam apenas duas horas de passeio, Luísa. Se fosse agora, faria diferente mas foi engraçado. Quam sabe um dia com mais calam aceite o seu repto. Aliás, até engraçado fazer-se uma corrente blogosférica em que cada um falava sobre o mesmo ponto da cidade para comparar as perspectivas.
Ora, Mike, sempre um cavalheiro