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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mal moderno

Diz que provoca irritabilidade, insónia, tristeza, dificuldade de concentração e lentidão. Há quem a sinta assim que começa a fazer a mala de regresso ao pátrio lar, uma espécie de modorra que se instala no corpinho hipoteticamente bronzeado dos veraneantes ou na alma teoricamente lavada por outras paragens e embalada no remanso de nada fazer, profissionalmente entenda-se. O corpo que se recusa a reagir ancorado nas férias como um burro teimoso. Há ainda quem seja acometido de ataques de mau humor súbito, um enraivecimento colérico gerador de impropérios largados como quem deglute prozacs e digassims em catadupa sempre na senda da cura para este mal moderno. Podia ser contemporâneo, é, aliás, contemporâneo, contudo esta mania que se instalou agora de epitetar de depressão ou de síndrome todos os estado de alma é característico de uma modernice bacoca. A mais recente é a depressão pós-férias ou também chamado síndrome pós-férias. A acreditar na “Única” desta semana, este mal, e que mal, passará algumas semanas depois do regresso ao trabalho. Não sei quando é que perdemos a capacidade de aceitar a vida como ela é. Tudo é passível de causar depressões, o regresso às aulas, o fim das férias, medos e fobias de coisa nenhuma e de todas as coisas mas que se não forem aceites como são podem transformar-se nesse mal dos males. Assim que assoma a primeira tristeza ou fanico da alma dorida, normal, diria eu, arranja-se sempre um síndrome, depressão também, que se lhe chame. Há que cumprir o fado, o destino de xailes negros e cantares tormentosos. Sem uma depressão nada se faz. Regressar ao trabalho é apenas regressar ao trabalho.

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