Está na hora de arrumar. Arrumar, rasgar, deitar fora, limpar. Arranjar espaço no passado para que o presente flua. Atiro-me impiedosa aos papéis acumulados dias e anos, testemunhos do caminho trilhado, vozes silenciosas que me sussurram quando abro dossiers e os desventro do papel velho, fichas e trabalhos, textos, aulas e aulas, bocados da minha vida que tento a todo custo que se mantenham. E rasgo papéis. E textos, e fichas, horas e horas de conversa e debate, horas e horas a que abruptamente tive de dizer adeus um dia algures num Abril passado, tão passado, volvidos quase meia dúzia de anos, mas sempre presente. A memória que percorre os espaços da felicidade que já foi. Dias auspiciosos que se abrem perante mim. E rasgo papéis. E despeço-me de uma parte de mim.
Também sou assim, custa-me deitar coisas fora e é verdade que cada papelinho por mais pequeno que seja conta sempre uma história.
ResponderEliminarShiii... a mim não me custa nada deitar coisas fora. Leonor, vá-se lá saber porquê, a frase de que mais gostei foi a dos dias auspiciosos. :)
ResponderEliminarA mim não me custa muito, Ana, ando numa fase em que vai quase tudo fora. A questão é que me estou a desfazer de uma parte, talvez a única, em que fui verdadeiramente feliz profissionalmente e isso fez-me mais uma vez sentir o que perdi.
ResponderEliminarJá calculava, Mike. Que venham eles :)