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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mal de inveja

Depois de um fim-de-semana fora, a Lolita estava cheiinha de saudades dos donos e recebeu-nos com uma panóplia de marradinhas e enroscanços nas pernas, um verdadeiro ritual de boas vindas com direito a acompanhamento a todos os pontos da casa para onde nos deslocássemos. A Lolita que foi durante um ano gatinha única não achou grande piada a que as duas bichanas que lhe saíram de dentro tivessem o mesmo direito que ela a partilhar os donos e andou uns tempos distante. A verdade é que nunca foi particularmente carinhosa, não no sentido convencional de ser expansiva mas tem uma forma muito peculiar de mostrar os seus afectos, nomeadamente quando procura a cama na nossa ausência, quando se passeia vaidosa na presença dos amigos que nos visitam e quando põe as duas patas dianteiras em cima de um dos nossos pés, um número que repete amiúde. Desta vez estava particularmente saudosa e não nos largou um minuto. Chegada a hora de ir dormir ocupou um lugar cimeiro na cama e quando a Guidinha começou a ronronar, deu-lhe literalmente três tabefes por duas vezes, a sensação clara de que se afirmava em posse do território, presumo que eu faria também parte do território e que aquele ronronar insistente a estava a incomodar. Depois dos tabefes, olhou-me de olhos semi-cerrados, enrolou o rabo à volta do corpo e manteve-se como se nada fosse, majestática e imponente no seu corpo reboludinho de gata pequena e atrevida. E é nesta alturas que invejo os gatos, invejo muito os gatos, porque também gostaria de ser assim, ter uma vida amoral, assumir os meus caprichos, humores e fúrias, dar uns tabefes bem arrumados a quem me perturbasse o enlevo e o espaço e continuar absolutamente impassível e fleumática e assim sedutora e irresistível.

6 comentários:

  1. Ui, também invejo bem os gatos nesse aspecto... E são assim, e toda a gente os aceita assim (menos o Mike :oP - provocação já, antes dele aparecer ;)
    Aqui entre nós, também invejo as horas que dormem.
    Beijos.

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  2. Eu adoro as horas em que eles dormem em casa dos donos... quero-os longe... miau... :D
    (Ainda um dia posto sobre gatos, mas a Leonor não vai gostar de ler... risos)

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  3. E como fantasminha! Então quando fica aquela invernia de que gostamos tanto nem se fala :-)

    E eu, Ana :)

    Avise-me, Mike, que é para manter a distância :)))

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  4. E agora também eu, que tanto fugi a isso, tenho uma gata em casa. A terceira (depois da namorada e antes da guitarra eléctrica). Terceira? Ná, ela acha-se a primeira - já manda em tudo, mesmo que a gente não o perceba.
    Saudades e beijos lá para casa, amiga.

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