Desde que se começou a aventar a hipótese de se fazer uma revisão ao Estatuto do Aluno, até ela ser efectivamente feita e finalmente promulgada pelo Presidente da República que não se fala de outra coisa. A bandeira principal, a pólvora, a panaceia que poria fim a todos os males do mundo, assim como uma banha da cobra que iria erradicar as enfermidades do mundo educativo estava aí, prestes a surgir e a repor a verdade do mundo e a justiça do universo: a distinção entre faltas justificadas e injustificadas. Da esquerda à direita, os líderes, sub-líderes, assessores dos líderes, amigos dos líderes e animais domésticos dos líderes políticos encheram as balofas bocas com palavras doutamente ignorantes e o povo cordato e obediente regozijou em júbilo com a mais esparvoada das mentiras. A distinção entre faltas justificadas e injustificadas existia no antigo Estatuto do Aluno. Os pais, encarregados de educação e/ou quem os substitui, conhecem muito bem as folhinhas brancas A5, modelo do distinto Ministério da Educação onde escrevinham dias, horas, datas e causas da ausência dos seus educandos e que por vezes acompanham com atestados médicos ou declarações médicas. E para quê? Para que as faltas sejam justificadas naturalmente. E o que acontecia se assim não fosse? Acontecia que as faltas não eram justificadas e, não o sendo, os alunos teriam de realizar Prova de Recuperação quando ultrapassassem o dobro das horas semanais da disciplina a que faltou. Se as faltas fossem justificadas, apenas quando ultrapassassem o triplo teriam de se sujeitar a esse bicho burocrático e inane conhecido como Prova de Recuperação e que, convenhamos, terá ajudado muito às estatísticas socráticas que como sabemos é a sua preocupação principal. E depois da mesma mentira repetida como eco sempre que se aborda o assunto, fica claro que os nossos líderes e outros precisavam de uma Prova de Recuperação para recuperarem as aprendizagens, sim, o pleonasmo impõe-se, é para isso que serviam. Algo me diz que não recuperariam, mesmo com o Plano XPTO, para se porem ao fino. É sempre mais fácil pegar em chavões do que averiguar a verdade. O povo gosta.
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