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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O meu reino por um par de óculos

A idade tudo traz. Além dos despencanços que diariamente observo nos parcos minutos em que me relaciono com esse objecto que me mostra o que não quero ver, o meu odiado espelho, fui acometida de algo que não poderei negar durante muito mais tempo: incapacidade de ler ao perto. Presbiopia, dizem os entendidos. Por mais que estique os abraços e afaste os objectos de mim está a chegar aquela altura em que os braços me são curtos e os objectos permanecem um borrão ilegível. Terá sido por isto que ontem, quando o transformador do meu computador portátil entregou a alma ao criador e rumei a uma loja na esperança de o substituir, pedi ao empregado que me dissesse qual a potência do dito. Cordata e de transformador em punho, solicitei que me visse e sugerisse um transformador marca branca que me trouxesse à vida o computador moribundo por falta de alimento. A resposta foi lesta, ignorado por completo o meu primeiro pedido. Foi dito sem reservas que teria de comprar um de 90W. O empregado adiantou ainda que já tinha discutido com um cliente porque lhe sugeriu aquele mesmo de 90W. Ora à minha frente tinha um de 70W com as indicações compatíveis com o meu bicho moribundo e nada mas nada me convenceu naquela breve conversa. Uma vez que estava num centro comercial decidi ir dar uma volta e esperar que o turno mudasse. Quando regressei, uma boa meia hora depois, o empregado era outro e, como esperava, a resposta foi outra. Que não, que não era o de 90W, era um de 65W que não havia. Sugeriu que fosse a uma loja especializada de computadores, conselho que segui obediente para me ser dito coisa nenhuma de importante mas que percebi pelas entrelinhas que sim, o de 70W seria adequado. E entrei de fininho na loja, arrebanhei o de 70W e regressei lampeira ao meu notebook ressuscitado. Comprar uns óculos teria sido bem mais fácil, isto se não me saltasse ao caminho um oculista passado que me sugeriu que experimentasse umas lentes de contacto para verificar se eram mesmo aquelas que tinha encomendado. Gente competente não se arranja?

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