Era rebelde. Quando queria era doce e educado mas quando
estava virado do avesso com uma vida que nem sempre lhe sorria tinha um feitio
difícil e irascível que me levou a pô-lo na rua e a mandar chamar a mãe. No ano
passado não conseguiu entrar na faculdade. Mandou-me uma mensagem a dar conta
do acontecimento. Estava triste e cabisbaixo. Eu sabia que ter ficado para trás
em relação aos colegas lhe teria deixado marcas, é orgulhoso e não gosta de
perder. Este ano passei a vê-lo com frequência na escola. Preparava-se para
melhorar as notas e apesar de nem sempre ter aproveitado o que a escola tinha
para lhe oferecer, inquieto e revoltado com a vida que lhe passara uma
rasteira, estava agora mais adulto e quase parecia apaziguado com as feridas.
Nunca falámos sobre elas. Ele sabia que eu sabia, mas com o respeito que me
merecem todos os que preferem devotar-se ao silêncio em momentos lunares, havia
um entendimento sem palavras, assim como só os homens sabem fazer. E mandou-me
uma mensagem há pouco. Respeitoso e feliz, cumpria o que me havia prometido o
ano passado. Tinha entrado desta vez. E fiquei feliz. Que mais pode um
professor desejar?
E, provavelmente, rebelde continuará. (E ainda bem). O professor do liceu que mais admirei foi o professor que me pôs na rua pela primeira vez. Claro que ainda hoje acho que ele foi demasiado rigoroso... ;-)
ResponderEliminarOlá Mike!!!! Adoro vê-lo por aqui! Que saudades :)
ResponderEliminarClaro que ainda bem, uma certa rebeldia é saudável. Eu, marmanja que já devia ter juízo, continuo rebelde. O meu aluno sabia que estava a exceder-se, eles sabem muito bem :)
Beijinho