Páginas

domingo, 18 de setembro de 2011

Straight from the heart


Era rebelde. Quando queria era doce e educado mas quando estava virado do avesso com uma vida que nem sempre lhe sorria tinha um feitio difícil e irascível que me levou a pô-lo na rua e a mandar chamar a mãe. No ano passado não conseguiu entrar na faculdade. Mandou-me uma mensagem a dar conta do acontecimento. Estava triste e cabisbaixo. Eu sabia que ter ficado para trás em relação aos colegas lhe teria deixado marcas, é orgulhoso e não gosta de perder. Este ano passei a vê-lo com frequência na escola. Preparava-se para melhorar as notas e apesar de nem sempre ter aproveitado o que a escola tinha para lhe oferecer, inquieto e revoltado com a vida que lhe passara uma rasteira, estava agora mais adulto e quase parecia apaziguado com as feridas. Nunca falámos sobre elas. Ele sabia que eu sabia, mas com o respeito que me merecem todos os que preferem devotar-se ao silêncio em momentos lunares, havia um entendimento sem palavras, assim como só os homens sabem fazer. E mandou-me uma mensagem há pouco. Respeitoso e feliz, cumpria o que me havia prometido o ano passado. Tinha entrado desta vez. E fiquei feliz. Que mais pode um professor desejar?

2 comentários:

  1. E, provavelmente, rebelde continuará. (E ainda bem). O professor do liceu que mais admirei foi o professor que me pôs na rua pela primeira vez. Claro que ainda hoje acho que ele foi demasiado rigoroso... ;-)

    ResponderEliminar
  2. Olá Mike!!!! Adoro vê-lo por aqui! Que saudades :)

    Claro que ainda bem, uma certa rebeldia é saudável. Eu, marmanja que já devia ter juízo, continuo rebelde. O meu aluno sabia que estava a exceder-se, eles sabem muito bem :)
    Beijinho

    ResponderEliminar

Comments are welcome :-)