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sábado, 24 de dezembro de 2011

Perdidos e achados


Não sou rapariga de perder coisas. Perco-as, é um facto e perco-as muito mas encontro-as a seguir. Sei que andarão por aí, escondidas entre livros ou nas pilhas de papelada que vou acumulando ao longo das semanas de aulas. Primeiro é o choque e a aflição Será que deitei fora? Mas eu não ia deitar aquilo fora, depois a constatação Tem de estar por aí, a seguir a busca que se inicia, papéis revolvidos, carteiras cuidadosamente inspeccionadas, estantes revistas, ajuda que se pede Ajuda-me aqui, perdi… e ajuda que se dá Quando foi a última vez que usaste/viste/leste (riscar o que não interessa)  e por último o reencontro Ah, estavas aí. Reposta a ordem, mantenho a existência tranquila até ao desaparecimento seguinte, porque tudo regressa afinal e não há necessidade de um stress acrescido por coisas que voltam sempre.
Hoje pela fresca, enquanto percorria mentalmente a minha checklist natalícia e acompanhava com um olhar em meu redor para confirmar se estaria tudo nos seus postos, pronto a abrilhantar-me a noite de consoada, não o encontrei. Estava lá tudo. Farinha, açúcar, ovos, leite, laranjas, mas não ele. Zero. Voltei a olhar, fui ver aos bolsos, procurei na carteira, lembrei-me até de ir ao frigorífico mas nem rasto ou cheiro. Custou-me 1, 45 euros, com desconto de cinquenta por cento no cartão, foi escolhido com carinho e comprado com antecedência para amadurecer, e pago. Isso sei e disso lembro-me muito bem. O que aconteceu entre esse momento último do pagamento e aquele instante em que dei pela falta do dito permanece uma incógnita.  Estará abandonado numa valeta, desvalido numa ribanceira, terá sido sequestrado por meliantes? Tudo é possível que, como se sabe, o mundo não está para brincadeiras e lá fora há uma selva que nos devora. Portanto, caros leitores e comentadores, se encontrarem por aí um abacaxi abandonado há uma grande probabilidade de ser o meu. 

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