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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A doce arte de procrastinar


Sou uma procrastinadora mediana e mediana porque só procrastino até ao ponto em que não o posso mais fazer e entre mortos e vivos, pedaços de vontades espalhadas pelo sol da tarde e ímpetos vários de coisas diversas, arregaço as mangas e faço o que devo fazer. Hoje já queimei o meu passado na lareira, por exemplo, cartas e cartas de um amor antigo que acabou por nunca ser e que nem sabia mais existir, cheio de contenção e meias palavras que se estenderam por longas cartas ainda escritas à mão. A seguir lavei a cabeça e pus o coração a arejar do cheiro ao passado. E depois descansei entre vários passeios virtuais. Queimar o passado cansa. Bebi um café longo e aromático, espreitei a tarde lá fora e as réstias de sol que espreguiçam oblíquas sobre a relva. Agora vou ver testes enquanto a gata se despede deste Janeiro ameno em sonos longos e tranquilos, um olho que me espreita a espaços. Já vou. É agora que vou. Sim. Só mais um bocadinho então. O telefone toca.

6 comentários:

  1. :)
    Às vezes, e em algumas coisas, também procrastino um pouco (esta palavra é muito complicada :P)
    (pena que não se possa queimar na nossa cabeça o que se pode queimar na lareira! ;-))

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  2. Escreves com mt poesia nas palavras... Muito bonito. :)

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  3. Obrigada, Fátima, mas tem dias :) Naquele dia em que nos gamaram os subsídios não houve poesia nenhuma. Foi mesmo o vernáculo todo sem eufemismos :)

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  4. As palavras dizem-na muito bem, quase a conseguimos ver.
    ~CC~

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  5. Ai que susto, ~CC~, assim sinto-me nua.

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