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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Setenta e cinco anos de puro samba


Estão a ver aquela sensação de agonia, intranquilidade, desespero quando os filhos começam a reivindicar um direito consagrado nas vidas adolescentes e encetam uma luta sem tréguas para sair à noite ou para a noite? As cogitações inquietas e apocalípticas Onde andará? E se lhe acontece alguma coisa? potenciadas ao infinito caso a criatura fresca, cheia de tanta vitalidade quantas certezas da vida se atrase. Ai meu Deus! E se está aí numa valeta abandonado? E se bebeu ao ponto de se desconhecer a si próprio? Que aflição. Caramba. Pois. Nada disso me assiste, já que sou mulher sem crias, muitas vezes enfadada até ao vómito com as crónicas babadas de mães verdadeiramente encantadas, primeiro com o parto, há lá coisa mais linda de se relatar?, depois com os cocós e regurgitamentos dos leitõezinhos rosados que se lhes brotaram. Compreende-se o encanto, qual pigmalião,  pelo torrãozinho de carne, se assim não fosse algo estaria fundido nesse complexo sistema de que as mães são feitas, uma válvula, por lá, como acontecia com a televisão do meu pai à qual o sr. Machado acorria diligente, mas poupem-me a cocós de texturas e cores variadas, vómitos, assaduras, bolsaduras, raio de palavra, e outras coisas absolutamente dispensáveis na vida do comum dos mortais.
Não se pense contudo que sou mulher desprovida de preocupações. Ser filha desta mãe deixa-me também com cogitações várias e inquietações não menos variadas. A conversa começou algures com um convite que lhe fizeram e cuja aceitação lhe foi prontamente encorajada Mas tu queres ir? Vai, mamã! Aproveita! Diverte-te! A seguir veio o telefonema Olha, afinal vou! E depois a partida. Levo-a e vejo-a radiosa. Olha para ti, que linda! Responde-me com a gargalhada bem característica e espreito-a com dificuldade pelos vidros escuros da viatura que a leva, lentamente em movimento.  Diz-me adeus do lado de lá. Telefonou-me há pouco. Diz que não sabe muito bem quando vem. Quando der conta estamos na Páscoa e ainda sem me confirmar regresso.  Já a avisei para não aceitar nada de estranhos e estar sempre alerta, mas a minha mãe é alma tranquila que nunca vê mal nos outros. Sabe-se lá que perigos e tormentas terá ainda de enfrentar para regressar sã e salva. Esperemos pois. Ser filha de uma mãe rebelde tem muito que se lhe diga, ó se tem.

12 comentários:

  1. :)
    A tua mãe é o máximo (e tu também ;))
    Beijos!

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  2. Sempre a bombar :))))
    Mudei-lhe a cara, também acho que está melhor.
    Beijocas

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  3. lol...pois :-)
    beijinhos e um grande abraço!

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  4. Hehehe, Leonor:) Sou mãe e mudei mt (não suportava conversas sobre criancinhas dantes, era considerada rebelde e avessa so espírito da santa família :) ) mas ainda assim não percebo como se baba com o parto e a própria gravidez e mt menos com essas "coisinhas" do dia a dia da miudagem que mencionas! :) Adoro ser mãe mas há vida - e temas - para além disso! Credo! Que enjoo (lol)

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  5. Tb gostei do novo look - é tão cool! Eu cá gosto de mudar e voto por refrescar as coisas! Não se perde a identidade nem o cunho pessoal por causa disso! Bjinhos

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  6. Pois é, Fátima, acredito que talvez a maternidade me pudesse ter mudado mas mesmo assim duvido um bocado. É que não há paciência para certas conversas :)

    O novo look já é coisa do ano passado Nunca mundo o fundo branco e o layout do blogue mas vou mudando o que posso :)
    Bom ano!!!!

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  7. Eheheheheheh!!! Uma "filha" com 75 anos! Lindo! Tenho uma com 89. Quando estão na posse de todas as faculdades, dão trabalho, mas é lindo. É bom, mesmo muito bom, poder inverter os "papeis". Um pouco mais complicado a 2ª infância. Mas é o mínimo que podemos fazer. Merecem tudo o que possamos fazer e nada do que façamos se pode comparar ao que fizeram por nós. Abençoadas todas as Mães.
    Bjinho

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  8. É, é muito bonito, zeparafuso. Abençoadas todas as mães e as nossas em especial :)

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  9. Bem, já cá estou embora um pouco constipada... Constipação do norte, claro.
    Adorei o texto! Uma beijoca muito especial para ti filhota preocupada mas muito querida.

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  10. Olha, a minha mãe já chegou :))))))

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