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Conta-se que, antes de ir para o então Ultramar, parou por aqui nas manobras de preparação para o combate contra os turras e conta-se que durante esse mesmo período era visita assídua da casa dos meus pais, com outro amigo , também F. de primeiro nome. Nessa altura, eu era apenas perceptível pelo volume na barriguita da minha mãe. Todos os dias, assim o permitisse a instituição militar, podia encontrar-se lá em casa para uma troca de ideias, um encontro salutar e descontraído, sempre acompanhado por um bolo feito pela minha avó e uma garrafa de brandy para aconchegar a alma do inferno que os esperava.
O convívio foi longo e ilustre ao longo destes mais de quarenta anos. Certa noite, na Feira Franca, após um jantar opíparo e bem regado, o F. tomou-se de exaltações aparentes com alguém que passava, tal como esse alguém que passava com ele. Amigos de ambas as partes encarregaram-se de não os deixar sequer aproximar, temendo uma altercação. Nenhum cedeu. Continuavam vociferando e gesticulando, tentando livrar-se de quem os agarrava. Ambos procuravam o contacto físico, contacto físico esse que ficou posteriormente provado ser apenas um cumprimento. Conheciam-se bem, os dois intervenientes deste episódio, gostariam apenas de se cumprimentar cordialmente e não se sabe porquê, não se soube até hoje por que razão alguém havia de ter pensado que ambos se quereriam agredir. Acredito que o jantar opíparo não estará propriamente inocente neste caso. Lembro-me de ver alguém com a gravata de F. na mão e relembro as risadas fortes e sonoras nos dias e anos posteriores. O meu pai saberia com toda a certeza preencher com mais pormenores este episódio rocambolesco.
O F. ficou inconsolável com a partida do meu pai. O F. chorou connosco o vazio, embora longe. Felizmente está a recuperar do AVC. A debilidade do corpo é a linguagem da saudade quando nos secaram as lágrimas.
A debilidade do corpo é a linguagem da saudade quando nos secaram as lágrimas.
ResponderEliminarE bem verdade, ate a saudade do nosso pais nos faz ficar doentes
É como me sinto agora...
ResponderEliminarbem, nao foi sem motivo que escrevi a invocacao contra a melancolia na Aurelia...
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