Estávamos à mesa pela hora do almoço, quando a minha mãe anunciou O Sr. A. comprou um peixinho para o lago. Naquela altura o Sr. A., nosso fiel jardineiro tinha dado em fazer criação de peixes num daqueles lagos que ocupam um lugar de destaque nos jardins. Isto foi antes das cegonhas, mas depois dos leões e da réplica do Manneken Piss, triunfalmente aspergindo os peixes, no alto do lago, bem no centro do jardim.
A minha mãe continuou dando novas do recém-chegado inquilino ...e chamou-lhe Meia-Leca. Era dia de Primavera precoce, lembro-me. Na rua os carros passavam e a refeição desenhava-se tranquila na página daquele dia ensolarado. Eu e o meu pai entreolhámo-nos e eu soltei vá lá, não lhe ter chamado outra coisa... O meu pai retribui-me um olhar cúmplice e malandro, muito característico, talvez reminiscência de alguma maroteira infantil.
Continuámos saboreando o almoço quando a minha mãe inquiriu Outra coisa o quê? Voltámos a olhar-nos e respondi Ó Mamã, meia... socorrendo-me de algumas expressões não verbais na tentativa de me fazer entender. E ela continuou não estou a perceber! Meia quê? Desta vez tentou o meu pai Ó filha, meia..., meia... e ela não se deixou ficar mas meia quê? Não sei o que é que vocês estão a dizer... então, mas que outro nome o homem havia de pôr ao peixe? O meu pai socorreu-se de olhares bem expressivos, das mãos, como que à espera da palavrinha seguinte, como se faz quando se tenta que alguém adivinhe a palavra depois de dadas as devidas dicas e achegas.
O almoço estava em suspenso. Agora era a minha vez Mamã, meia… meia coisa… A minha mãe não se deu por satisfeita e questionou meia-coisa?? franzindo a testa. Sim disse-lhe meia…, ó mamã, meia… Nada, rigorosamente nada conseguia encaminhar a minha mãe na direcção da palavra perdida. O meu reincidiu Luisinha, meia…, acompanhando a verbalização com alguns auxiliares que se queriam mais eloquentes do que a palavrita em falta. O meu pai e eu riamo-nos perdidamente e a minha mãe permanecia perplexa, curiosa, talvez pensando que mistério era aquele ou que nome seria esse que não se deixava pronunciar por nenhum de nós.
Começava a pressentir-se uma certa impaciência por aquela hora, da minha mãe, por não entender o nosso comportamento e minha e do meu pai por ela não entender por meias palavras o outro nome que o peixe do Sr. A não podia ter. Mais uma tentativa Mamã, meia, meia… e a mamã, zero, continuava longe da tão necessária palavra por desconhecer a expressão. O almoço ia já longo e depois de tantas estratégias utilizadas e das incontáveis tentativas infrutíferas, frustradas, falhadas, goradas, o meu pai rematou-lhe, impaciente e em desespero absoluto de causa MEIA-F**A!!!! Olhámo-nos e nada mais nos restava, senão rir, rir, rir a bandeiras despregadas, não só pela inocência e ingenuidade de minha mãe como pela explosão imprevisível do meu pai, visto que nunca antes lhe tinha ouvido sequer a mais inofensiva das palavras feias. Há palavras que fazem muita falta no vocabulário de uma mulher.
A minha mãe continuou dando novas do recém-chegado inquilino ...e chamou-lhe Meia-Leca. Era dia de Primavera precoce, lembro-me. Na rua os carros passavam e a refeição desenhava-se tranquila na página daquele dia ensolarado. Eu e o meu pai entreolhámo-nos e eu soltei vá lá, não lhe ter chamado outra coisa... O meu pai retribui-me um olhar cúmplice e malandro, muito característico, talvez reminiscência de alguma maroteira infantil.
Continuámos saboreando o almoço quando a minha mãe inquiriu Outra coisa o quê? Voltámos a olhar-nos e respondi Ó Mamã, meia... socorrendo-me de algumas expressões não verbais na tentativa de me fazer entender. E ela continuou não estou a perceber! Meia quê? Desta vez tentou o meu pai Ó filha, meia..., meia... e ela não se deixou ficar mas meia quê? Não sei o que é que vocês estão a dizer... então, mas que outro nome o homem havia de pôr ao peixe? O meu pai socorreu-se de olhares bem expressivos, das mãos, como que à espera da palavrinha seguinte, como se faz quando se tenta que alguém adivinhe a palavra depois de dadas as devidas dicas e achegas.
O almoço estava em suspenso. Agora era a minha vez Mamã, meia… meia coisa… A minha mãe não se deu por satisfeita e questionou meia-coisa?? franzindo a testa. Sim disse-lhe meia…, ó mamã, meia… Nada, rigorosamente nada conseguia encaminhar a minha mãe na direcção da palavra perdida. O meu reincidiu Luisinha, meia…, acompanhando a verbalização com alguns auxiliares que se queriam mais eloquentes do que a palavrita em falta. O meu pai e eu riamo-nos perdidamente e a minha mãe permanecia perplexa, curiosa, talvez pensando que mistério era aquele ou que nome seria esse que não se deixava pronunciar por nenhum de nós.
Começava a pressentir-se uma certa impaciência por aquela hora, da minha mãe, por não entender o nosso comportamento e minha e do meu pai por ela não entender por meias palavras o outro nome que o peixe do Sr. A não podia ter. Mais uma tentativa Mamã, meia, meia… e a mamã, zero, continuava longe da tão necessária palavra por desconhecer a expressão. O almoço ia já longo e depois de tantas estratégias utilizadas e das incontáveis tentativas infrutíferas, frustradas, falhadas, goradas, o meu pai rematou-lhe, impaciente e em desespero absoluto de causa MEIA-F**A!!!! Olhámo-nos e nada mais nos restava, senão rir, rir, rir a bandeiras despregadas, não só pela inocência e ingenuidade de minha mãe como pela explosão imprevisível do meu pai, visto que nunca antes lhe tinha ouvido sequer a mais inofensiva das palavras feias. Há palavras que fazem muita falta no vocabulário de uma mulher.
lol!
ResponderEliminarJá posso formar um clube com a tua mãe: também só no fim do texto percebi o que era a meia! lol
ResponderEliminarQue engraçado... Não sei como eu e o meu pai a conhecíamos sem nunca antes se ter falado em tal.
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