Hoje, pela hora do almoço, chegou a belíssima notícia de que os funcionários públicos, nos quais me incluo, irão ser aumentados 1,5%. Não chegava já a pedofilia e maus-tratos arrepiantes entrarem-nos pelos olhos dentro, ainda mais arrepiantes e hediondos por serem perpetrados pelos guardiães das crianças, Fátima Felgueiras ter regressado em glória, a demolição do património cultural do país, as contas públicas resvalarem escandalosamente, Soares ter-se candidatado à Presidência e ter referido, entre outros disparates, que a sua próstata se encontra de saúde, Cavaco Silva estar prestes a ser eleito o Presidente deste canto à beira-mar e esquecer-se que deixou de ser primeiro-ministro há muito, graças aos deuses, para agora o governo abrilhantado pelo seu socrático primeiro-ministro brindar o funcionalismo público com este mísero aumento.
Isto começou ontem quando, ao registar um livro numa repartição estatal, me deparei que de um euro e não-sei-quantos cêntimos, os emolumentos tinham passado nada mais, nada menos, para vinte e cinco euro. E depois afixada na dita repartição estava o despacho que nos preâmbulos justificativos anunciava ter sido urgente proceder a uma actualização e que esta tinha sido feita de acordo com a inflação. Pois muito bem, Sr. Dr. Santana Lopes e demais compadres doutores e doutoras, autores do referido aumento, permitido e secundado pelo voto do povo português. O empregado sorriu perante a minha admiração e não estivesse ali pespegada com dois exemplares dessa coisa chamada livro e com a senha para atendimento já nas minhas mãos, ter-me-ia vindo embora. O empregado entreteve-me com conversa agradável. Dada a sua boa disposição, acredito que nem sonharia que hoje seria premiado com este generoso aumento, a menos que sofra de optimismo patológico. Não creio.
Vim-me embora refilando Calçada da Glória abaixo dessa Lisboa de que tanto gosto, capital deste país que tanto me desilude, não apenas pelos 1,5% de aumento, não só pelos vinte e cinco euro do registo das folhas de papel sentidas e escritas, mas por este atalho que estamos a tomar para nos perdermos no labirinto do compadrio e subdesenvolvimento e por se ter ainda descoberto que na intimidade do lar, onde julgo as crianças protegidas e amadas, existem pais que maltratam, violam e assassinam barbaramente os seus próprios filhos.
Obviamente que me lembro do meu pai. O aumento seria apenas a gota de água a transbordar no copo das sucessivas desilusões com a pátria de Camões, madrasta de muitos de nós. Soubera ele de tal e estaria a bradar há já algum tempo. Primeiro por causa do Soares, depois por causa do Cavaco e agora por causa do Sócrates e isto para não falar do escândalo Casa Pia... Caramba! Até é imoral! Não têm vergonha… 1,5%?! Mais valia não aumentarem nada… terá já proferido inúmeras vezes e para rematar, decepcionado e revoltado como sempre pelo rumo deste país dos pequeninos, terá pela enésima vez repetido Foi para isto que se fez uma revolução? Pois, meu querido pai, pelos vistos foi.
Isto começou ontem quando, ao registar um livro numa repartição estatal, me deparei que de um euro e não-sei-quantos cêntimos, os emolumentos tinham passado nada mais, nada menos, para vinte e cinco euro. E depois afixada na dita repartição estava o despacho que nos preâmbulos justificativos anunciava ter sido urgente proceder a uma actualização e que esta tinha sido feita de acordo com a inflação. Pois muito bem, Sr. Dr. Santana Lopes e demais compadres doutores e doutoras, autores do referido aumento, permitido e secundado pelo voto do povo português. O empregado sorriu perante a minha admiração e não estivesse ali pespegada com dois exemplares dessa coisa chamada livro e com a senha para atendimento já nas minhas mãos, ter-me-ia vindo embora. O empregado entreteve-me com conversa agradável. Dada a sua boa disposição, acredito que nem sonharia que hoje seria premiado com este generoso aumento, a menos que sofra de optimismo patológico. Não creio.
Vim-me embora refilando Calçada da Glória abaixo dessa Lisboa de que tanto gosto, capital deste país que tanto me desilude, não apenas pelos 1,5% de aumento, não só pelos vinte e cinco euro do registo das folhas de papel sentidas e escritas, mas por este atalho que estamos a tomar para nos perdermos no labirinto do compadrio e subdesenvolvimento e por se ter ainda descoberto que na intimidade do lar, onde julgo as crianças protegidas e amadas, existem pais que maltratam, violam e assassinam barbaramente os seus próprios filhos.
Obviamente que me lembro do meu pai. O aumento seria apenas a gota de água a transbordar no copo das sucessivas desilusões com a pátria de Camões, madrasta de muitos de nós. Soubera ele de tal e estaria a bradar há já algum tempo. Primeiro por causa do Soares, depois por causa do Cavaco e agora por causa do Sócrates e isto para não falar do escândalo Casa Pia... Caramba! Até é imoral! Não têm vergonha… 1,5%?! Mais valia não aumentarem nada… terá já proferido inúmeras vezes e para rematar, decepcionado e revoltado como sempre pelo rumo deste país dos pequeninos, terá pela enésima vez repetido Foi para isto que se fez uma revolução? Pois, meu querido pai, pelos vistos foi.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comments are welcome :-)