Ao fim-de-semana cumpro o ritual de sempre. Acordo, ponho os óculos, levanto-me, abro a portada da janela do quarto, deixo a janela aberta no basculante, puxo os lençóis para trás e desço rumo à cozinha, onde faço uma grande chávena de café expresso que bebo geralmente sentada na sala, de televisão ligada para ver o que se passa no mundo, enquanto vou degustando dois iogurtes magros.
Este fim-de-semana foi relativamente igual, exceptuando que passei do primeiro passo, acordar, para o terceiro, levantar, e isto porque há uns dois dias, deixei cair das minhas mãos os meus tão amados e, acima de tudo, quase indispensáveis óculos. Assim sendo, disponho apenas das lentes de contacto, o que é extremamente redutor. Pelas nove e meia, dez da noite começo a ter vontade de tirar as lentes, mas se o fizer, fico cegueta, com algum sentido de orientação mas quase incapaz de distinguir quem é quem a alguma distância. Por outro lado, também não as posso colocar muito cedo, senão corro o risco de lá pelas cinco da tarde dizer adeus ao mundo e acabar a ler com o nariz encostado aos livros e alheada do ambiente circundante.
Lá vim para baixo, neste Sábado, sem óculos nem lentes, entregue à minha parca visão, pesarosa desta minha pouca sorte de ser míope e inconformada por ter estilhaçado os óculos no chão da casa de banho. Tudo fiz: o café, comi os iogurtes e liguei a televisão, entregue à minha condoída pitosguice. Nas televisões falava-se no fim do comunismo pagão e da libertação dos pobres e como isto da falta de vista me vai aos fusíveis ainda pensei que tinha regressado ao passado Queres ver que estamos outra vez na Guerra Fria? Tu queres ver? Eu querer até queria mas continuava à míngua de capacidades visuais e portanto recorri à minha mãe para ver se me explicava que raio se passava. Mamã, tenho aqui um homem de branco com um chapéu alto em bico a falar no fim do comunismo pagão e da libertação dos pobres… Passou-se alguma coisa que eu deva saber? A minha mãe riu-se do outro lado. Tudo igual, nada de novo, portanto, o que me leva a concluir que a Igreja Católica anda mesmo em crise, padecendo duma constrangedora escassez de novas missivas à população. Lá para 2017 ainda estarão a falar do fim do comunismo pagão. Quanto à libertação dos pobres, suspeito muito que tenham partido os óculos também, especialmente quando se passeiam pelos Museus do Vaticano.
Foto: minha, Cidade do Vaticano, Abril 2006
anh... tu escreves um texto a falar da tua miopia e da igreja que não avança e por isso cada vez convence menos gente (ainda hoje pensava porque raio é que a igreja perde tempo a falar de uma obra de ficção, O Código Da Vinci, quando deviam perder tempo a falar de coisas bem mais importantes!), mas eu leio o teu texto e sabes o que é que fiquei a pensar?? Que tu és a preguiçosa aí de casa, que quando te levantas o H. já está sempre a pé... vê lá bem p'ró que me deu;))
ResponderEliminarBeijocas!
E como sabes tu isso? Eu nem falo dele... Cá para mim o big brother anda por aí, tenho que me pôr a fancos ;-)
ResponderEliminarLOL, Patricia!!
ResponderEliminarL., eu, míope, percebo-te!!! ;op
Mas hoje já vou buscar os meus óculos :)
ResponderEliminaras "novas missivas"serão"escassas"mas, mesmo assim, recomendo vivamente a leitura da 1ª Encíclica de Bento XVI "Deus é Amor".
ResponderEliminarPatrícia reparou nos muitos milhares de jovens q se reuniam, pelo mundo fora, com João Paulo II?