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sábado, 15 de julho de 2006

Cenas Palacianas

Se ouvirem falar em Ceia Palaciana, pensam em quê? Pois eu julguei que iria a um espectáculo ímpar e, como achei que tendo eventos destes à porta de casa, não devia desperdiçar a oportunidade, assim foi, e toca de fazer pés à rua até ao Palácio Nacional de Mafra. Não sei como é convosco mas detesto sentir que fui enganada e desta vez sinto que fui enganada, burlada e desrespeitada.
Primeiro, a organização* anunciava uma visita especial ao Palácio. De especial só mesmo o nome. O percurso foi o de sempre. Certo é que era de noite. Talvez isso só por si defina o “especial”. A Ceia, dita palaciana, foi do mais disparatado que se pode imaginar. Afinal era buffet, coisa que não imaginaria num Palácio e, se tal soubesse antes, tinha ficado liminarmente excluída. Depois, e para ajudar ao ambiente (ir)real, não havia comida suficiente, não havia copos limpos, os pratos nunca foram levantados durante o jantar, amontoando-se por lá com restos de comida, e quando fui às sobremesas já não havia mesmo. De todo. No fim um empregado ainda afirmou que a malta queria era vir encher a barriga. Já fui bem mais servida em tascas, pelo menos levantaram os pratos e ninguém acusou ninguém de querer comer. Bem sei que os reis não primavam por aquilo que é tido como boa educação e civilidade nos dias de hoje, permeando as refeições com uma panóplia de comportamentos resultantes dos ímpetos biológicos, mas não me consta que se pusessem em fila para se servir do jantar e que a comida acabasse desta forma. Para a próxima vez que me lembrar que enfim tenho de/devo conhecer o que é feito dentro de portas em vez de andar a ver o que se faz noutras paragens, agradeço vivamente que me chamem à razão e me lembrem que é melhor estar quietinha e deixar-me de demagogias.
Há algum tempo numa conferência sobre literatura de viagens um conhecido jornalista e escritor da praça afirmava que muitas pessoas conheciam a República Checa mas não conheciam Fânzeres. Eu conheço Praga, não conheço Fânzeres, mas conheço o Boco e a Chanca, Ameã e a Tituaria, e, para ver o que vi ontem, preferia ter-me ficado mesmo por Praga, pelo menos ainda tinha a esperança que cá provavelmente ainda se fazem umas coisas engraçadas**.

* TCC/Rota dos Monumentos
* Podem até fazer-se, mas dêem-me mais uns dias para me recompor
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10 comentários:

  1. Aí está a prova de que essa prática de abrir museus e palácios a eventos culturais, tem o que se lhe diga, e só deve ser praticada com bom senso e organizada por gente que sabe o que faz.
    Gostei de ler a crónica da sua experiência,Nônô. Mesmo frustrante para si, valeu pela oportunidade que deu aos seus leitores de partilhar mais esse momento...
    Bjo

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  2. Ontem estive na Póvoa do Lanhoso onde me foi proporcionada uma espectacular noite medieval no castelo, com jantar incluído, com a organização (uma coisa com um nome muito menos pomposo que «Rota do Descobrimentos», mas que me garantiu, a mim e penso que a todos os restantes, um bocado bem passado -e é isso que interessa quando se fazem 200 Kms numa noite, certo?), enfim, uma daquelas noites que se dão por bem empregues. Sei que o tempo que perdeste é irreversível, mas penso tens aqui este exemplo de uma coisa engraçada bem feita. Aí, mais perto de Lisboa, tens, hoje, uma noite medieval em Óbidos, e, por aquilo que um amigo meu disse à pouco ao telele, estava a ser divertido. E isto, minha cara, não é demagogia nenhuma. Acontece (como diria Carlos P. Coelho)

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  3. Eu nem sou de me arrepender do que faço, ou do dinheiro que gasto, mas ontem saí mesmo frustrada. Com as condições que o Palácio tem, bem que se podiam fazer coisas bem interessantes e não me passou pela cabeça que pudesse ser assim tão mau. Acho que também influenciada por eventos como esses de que falas, Carlos, e acredito que claro que as coisas podem ser bem melhores. Também me irritou um certo encobrimento que estava a ser feito. As pessoas estavam manifestamente descontentes e acreditem que tive pena do senhor ao meu lado que tinha um jarro de sumo de laranja ao pé de si e a empregada veio e pediu-lhe o jarro porque havia mais gente a querer sumo de laranja. O senhor era idoso, não tinha facilidade de se movimentar e a mesa onde estavam as bebidas era longe dos locais sentados. E também me irritou quase a insinuação de que éramos uma bando de alarves.
    Hoje à tarde fiz uma reclamação para a organização com conhecimento ao IPPAR via mail :(

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  4. Papalagui:
    Fizeste bem. É que toda a gente diz mal, mas ninguém faz acções concretas. Assim fossem todos como tu. Porque, se um dia eu ou tu, ou outra pessoa qualquer, for a uma organização existem mais possibilidades de as coisas correrem melhor. Acredita: numa situação delicada que eu vivi recentemente, fiz reclamação e queixa, e eles já me ouviram, já foram apontados responsáveis e um modo de proceder daquele hospital foi alterado. « Porque há pessoas que têm brio naquilo que fazem e não querem ser confundidas com o maralhal que pouco se está importando para o trabalho. O melhor que se pode fazer quando uma coisa não corre bem, é apresentar uma reclamação...»Isto foi-me dito por um enfermeiro desse mesmo hospital e do mesmo departamento. Só assim o mérito sobressairá à mediocridade.

    E aquela cena do sr idoso..não sei o que dizer...sem comentários...:((
    Bjs e aproveita bem o resto do fim de semana.

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  5. Concordo. Se ninguém rclamar as coisas nunca se vão saber e nada melhora.
    Em relação ao senhor idoso, só mecalei porque o senhor estava acompanhado, mas fiquei incomodada.
    Bjs e bom fim-de-semana.

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  6. Bolas :oS
    Fizeste muito bem em reclamar, ora pois então!

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  7. E continuo à espera de resposta...

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  8. Se puderes, um destes anos anda à Ceia Medieval da Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, na Feira. Consta que vale imenso a pena e que a recriação é fiel, do serviço aos trajes, à louça e à comida. Eu nunca fui porque é caro e porque não me apetece lá muito provar veado... *

    http://www.viagemmedieval.com/

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  9. Aproveito para dizer que a TCC (organizadora destes "festivais") ainda não pagou aos fornecedores do primeiro (em 2005). Todos os anos trocam de empresas, músicos, técnicos, etc., porque não pagaram aos do ano passado. Se havia _alguma_ comida até é de espantar!

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