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sábado, 16 de setembro de 2006

A três

A cidade. Queríamos a cidade a nossos pés, a última e a primeira que veríamos na aurora do caminho trilhado em comum a partir daquele dia escaldante de Setembro. O sítio escolhido a preceito. A noite quente homenageando o ritual de passagem, perpetuando na memória o dia feliz e tranquilo, juntos os dois, eu levada pelo meu pai, eu e o meu querido pai de braço dado até ao altar e juntos todos sem cerimónias bacocas e protocolos balofos: ligas e gravatas em leilão, bouquets ao ar e lembranças aos convidados. Apenas unidos na partilha do amor sem mais ornamentos nem artifícios. Não será o amor maior suficientemente grande e inteiro? E na cidade chegámos ainda surpresos pelo novo estatuto, a aliança radiosa sem mácula evidenciando o enlace ainda menino.
O empregado era um homem pelos quarenta anos, o linguajar e a ginga nos modos indiciavam o convívio íntimo com a cidade das vielas. Recebeu-nos, acredito, como habitualmente se recebem casais em núpcias e nós, como tantos casais em núpcias, pedimos uma garrafa de champanhe para brindar ao que se brinda nesta altura, fruindo a noite cálida e a cidade de luzes vestida para nos receber talvez, revendo o dia e proferindo o que os amantes proferem com a cidade lá em baixo, testemunha única deste momento a dois. Champanhe pois, champanhe. O homem foi solícito e desembaraçado a atender o nosso pedido. Desfiou o que tinha na casa: Raposeira e uma outra marca agora apagada pelo tempo. Acrescentou no fim e temos também Maomé e Chandon. Não hesitámos. A ocasião pedia uma comemoração à altura e se até o Maomé tinha vindo, não o podíamos desiludir.
Foto: 16 de Setembro de 2001

12 comentários:

  1. Então levantemos novamente a taça de Maomé e o Chandon. Parabéns.

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  2. Levantemos sim! Saúde, Prost, tchim-tchim, à nossa :)

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  3. Ai, mulher, é a segunda vez que só tu me arrancas um sorriso. Obrigada e só posso desejar-lhes que sejam pelo menos tão felizes quanto eu tenho sido. E que saudades tenho de uma taça gelada de Maomé e Chandon! À vossa!

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  4. O mais divertido é que para nós os dois o champanhe passou mesmo a ser Maomé e nas ocasiões raras que o bebemos a conversa é sempre Comprei uma garrafinha de maomé... À tua também querida Ana!!!

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  5. Cheers, então! Mas cuidado com o 'M'...eu não quero que ninguem mande um fatwa sobre voces:(! Mais ma cróna no teu estilo sempre original, e obrigado pelo comentário sobre os meus changes! É mais um Mile Stone na vida...mas quanto é difícil e dolorido, este.

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  6. Como é bom ter dessas cumplicidades privadas, um código que só os iniciados compreendem e que os separam dos outros, de todos os outros.
    Ergo a minha taça de maomé para ti!
    Beijos

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  7. Um brinde à tua felicidade.
    Bjs

    PS: bebe maomé moderamente: pode causar tonturas.

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  8. Muitos Parabéns aos noivos mas, a olhar a foto, os meus olhos prendem-se mais no senhor de cabelo alvo,à esquerda.Que dia feliz ele deve ter tido!
    Bjos e votos de muitissimas felicidades.

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  9. Obrigada, Milucha! Foi um prazer enorme ter o Ismael neste momento, já que não podia ser ele a celebrar o casamento. Quando fomos falar com o padre cá da paróquia, que era um grande bruto (não é o que nos casou e está na foto) ele advertiu asperamente que tinha de ser alguém com experiência nas leituras. Estive para lhe perguntar se um ex-padre estava bem, mas ainda era capaz de o proibir. Bjs grandes e bem-vinda :)

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  10. Estou tolinha de todo, agora é que entendi que estava a falar do meu querido pai. O momento em que a sós de braço dado entrámos na basílica foi talvez o mais bonito da minha vida. Que saudade.

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  11. :op
    Uma garrafinha de Maomé cai sempre bem (se bem que eu, admito, não sou apreciadora. mas é de champanhe no geral :) )
    E parabéns atrasados, por esse dia tão bom na tua vida.

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