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quinta-feira, 9 de novembro de 2006

9 de Novembro 1989

Pudesse eu escolher um momento da história contemporânea para presenciar e ele teria sido, sem pensar duas vezes, a queda do Muro de Berlim. Teria uns dezassete anos, quando metida num autocarro com mais duas dezenas de adolescentes, Berlim me foi dada a conhecer. Berlim de um lado, absolutamente extasiante para uma adolescente de pouco mais de década e meia de vida. Berlim, cheia de néon e cor, movimento, cosmopolita e vibrante, a antítese de Berlim do outro lado. Sombria, cinzenta, esmagadora na propaganda e arquitectura, antiquada no vestuário dos berlinenses em passeio pela sua cidade, amiúde ameaçada com turistas tementes ao papão socialista, atentos observadores de comunistas no seu habitat natural. Não creio que tenha sido inocente esta mudança brusca de cidades na cidade, muito menos o confronto directo com o conflito de ambas. Na cabeça de um adolescente as conclusões chegam apressadas mesmo antes das reflexões e o que se vê é, a maior parte das vezes, o que se julga ser e se assume como verdade insofismável. O que seria tudo aquilo não me foi imediatamente claro. Há informações que só passam quando a estupefacção desvanece e o tempo nos ajuda a ver além do que vemos. Fácil foi sentir, mais difícil entender. Lado a lado, tão perto e tão longe, duas cidades cresciam separadas, antagónicas e incompreensivelmente distantes. Foi há dezassete anos que a notícia veio e as imagens não mais me abandonaram.Que a liberdade de escolher caminhos
prevaleça sempre
e que os homens possam viver
sem
muros.

7 comentários:

  1. Abaixo os muros!
    Viva a liberdade e fraternidade.
    Um segredo: por motivo de amor, eu tenho um pedacinho desse muro.

    Um beijo,
    Martha

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  2. É quase uma oração.
    E eu acompanho-te nela.
    Beijos

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  3. Só conheci Berlim bem depois da queda do muro, o ano passado, mas mesmo assim é impressionante como ainda se notam diferenças entre os 2 lados. Tinha 15 anos quando o muro caiu, estava provavelmente no "armário" da adolescência, pelo que me passou tudo um bocadinho ao lado.
    Abaixo todos os muros que nos impedem de ser livres.

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  4. What stands out most in my memory of that day is the enormous, heated 'discussion' I had on the phone with my Father. As one of millions of Brits who had been in the army in WW2, & of a family who knew the bombs in East London, his view was the same as countless others of that generation - a fear of a reunifed Germany. Mine was as yours, with strong reasons. I wish he was still here to discuss it all now. He wouldn't recognise today's world, so fast has it changed & he would make no sense of it. The moral is: we are all so easily prisoners of our own generation. I have always been a 'bridges' person, rather than a 'walls'.

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  5. Também tenho um pedacinho do Muro, mas continuo na dúvida se será mesmo do original. Comprei-o eu própria quando voltei a Berlim no ínicio dos anos 90.

    "we are all so easily prisoners of our own generation." You´re so right Stewart! I do understand your father´s fear and even better how you miss him to share things you just can´t with anyone else.

    Beijocas a tod@s

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  6. Derrubar muros, construir pontes!É o que o mundo precisa de fazer.Mas faz tantas vezes o contrário :(
    Bjo

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