Os melhores conselheiros dos turistas raramente são outros turistas. Comprovei-o, quando eu e o H. nos encontrámos em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, com uns meros reais no bolso. Tudo isto porque ao que parece, e segundo conselhos vários deste lado do Atlântico, no Rio de Janeiro o melhor mesmo é andar pêládo. Nada. Nada mais tínhamos connosco, portanto. Nem um cartão de crédito, nem um cartão de débito e dinheiro resumia-se a uma insignificância que mais valia nem ter existido de todo no bolso lateral das bermudas do H.. Manda a previdência e o bom-senso que não se carreguem grandes quantias de dinheiro, valores ou haveres, nada que não faça aqui mesmo, mas só me deparei com o ridículo de nós próprios, quando ambos nos confrontámos com a quase inexistência do vil metal por recomendação alheia. Perguntara-me antes como iríamos fazer naqueles dias no Rio, uma vez que numa cidade será difícil andar sem dinheiro algum. A resposta veio nesta altura e a alternativa foi voltar a Santa Teresa de táxi posteriormente, com todas as precauções tomadas e sem muito dinheiro connosco. Nada de mais, portanto. Turista que se preze seria incapaz de sair daquele lugar sem uma lembrança que pudesse perpetuar a memória do lugar.
Não basta apenas ser turista para parecê-lo. Os turistas fazem como parecer ainda mais ao abster-se de práticas comuns e que acabam por denunciá-los. Apercebi-me disso uma outra vez em que ouvi uma empregada de restaurante descrever o comportamento de um turista. Ao que ela dizia, o gringo estava apavorado e agarrou-se aos pertences de forma veemente. O relato era acompanhado com uma risada estridente e a exposição ao ridículo do pobre gringo, que por uma questão de sanidade mental, imagino rosadinho como um leitão e de linguajar anglófono. A história não se esgota aqui. Quando num outro lugar, inquiri o guia de viagem, como fazer para ver as mulheres rendeiras, algo que trazia em mente desde casa também por culpa da música e do imaginário, o guia foi peremptório e atirou-me com aquilo que nenhum turista quer ouvir, particularmente no Brasil: não era seguro. Sábi como é que é… pêrifêria é pêrifêria! Nem precisou dizer mais. Ninguém expõe a vida em troco de dois dedos de conversa com as rendeiras, obviamente, e teria tomado este conselho por verdadeiro, caso não tivesse descoberto, por acaso, e na conversa com um taxista, que as mulheres rendeiras habitavam num sítio absolutamente seguro, seguro e lindíssimo, nas margens da lagoa Mundaú, como atestei depois.
Uma outra ocasião, e isto no mesmo continente, embora um pouco mais acima, fui acometida de um catarro, no dizer dos naturais da ilha. Estava encatarrada, pois, e talvez com febre. Valeu-me um dia no quarto do hotel, sozinha com o meu catarro - que melhor companhia se pode desejar numa viagem? - a destilar a febre e o maldito catarro. Os meus companheiros de viagem seguiram o seu caminho e foi tácito que não havia medicamentos, nem havia farmácias. Nada a fazer. Acreditei. Acreditei até, uns anos mais tarde, no mesmo destino, ter passado por, pelo menos, duas farmácias. Se se queriam ver livres de mim, podiam ter-me logo atirado do Malecón aos tubarões. Assim ainda resisti para contar a história. Como diz a Carlota, Trust no one!
Não basta apenas ser turista para parecê-lo. Os turistas fazem como parecer ainda mais ao abster-se de práticas comuns e que acabam por denunciá-los. Apercebi-me disso uma outra vez em que ouvi uma empregada de restaurante descrever o comportamento de um turista. Ao que ela dizia, o gringo estava apavorado e agarrou-se aos pertences de forma veemente. O relato era acompanhado com uma risada estridente e a exposição ao ridículo do pobre gringo, que por uma questão de sanidade mental, imagino rosadinho como um leitão e de linguajar anglófono. A história não se esgota aqui. Quando num outro lugar, inquiri o guia de viagem, como fazer para ver as mulheres rendeiras, algo que trazia em mente desde casa também por culpa da música e do imaginário, o guia foi peremptório e atirou-me com aquilo que nenhum turista quer ouvir, particularmente no Brasil: não era seguro. Sábi como é que é… pêrifêria é pêrifêria! Nem precisou dizer mais. Ninguém expõe a vida em troco de dois dedos de conversa com as rendeiras, obviamente, e teria tomado este conselho por verdadeiro, caso não tivesse descoberto, por acaso, e na conversa com um taxista, que as mulheres rendeiras habitavam num sítio absolutamente seguro, seguro e lindíssimo, nas margens da lagoa Mundaú, como atestei depois.
Uma outra ocasião, e isto no mesmo continente, embora um pouco mais acima, fui acometida de um catarro, no dizer dos naturais da ilha. Estava encatarrada, pois, e talvez com febre. Valeu-me um dia no quarto do hotel, sozinha com o meu catarro - que melhor companhia se pode desejar numa viagem? - a destilar a febre e o maldito catarro. Os meus companheiros de viagem seguiram o seu caminho e foi tácito que não havia medicamentos, nem havia farmácias. Nada a fazer. Acreditei. Acreditei até, uns anos mais tarde, no mesmo destino, ter passado por, pelo menos, duas farmácias. Se se queriam ver livres de mim, podiam ter-me logo atirado do Malecón aos tubarões. Assim ainda resisti para contar a história. Como diz a Carlota, Trust no one!
LOL!!
ResponderEliminarRealmente, por vezes vamos em cada conversa...mas no nosso subconsciente está sempre a segurança não é??
Sem ter nada a ver com segurança, devo-te dizer que comprar pingos para o nariz, numa farmácia em Pequim, onde ninguém falava nada que não fosse chinês, foi uma aventura muito engraçada! Mas verdade verdadinha, nessa noite dormi muito melhor (mas não sem antes ter levado a bula a uma rapariga da organização do congresso que falava muito mal inglês, mas lá me "traduziu" a coisa!).
Sempre. Por isso é que o guia este ano no Brasil tudo em que ele não tivesse comissão era perigoso. Percebeu claramente que era a palavra-chave para nos afastar os portugueses dos locais. Quando fui ver as rendeiras fiquei-lhe com um pó desgraçado.
ResponderEliminarÉ que nem imagino essa na farmácia em Pequim. E fizeste como? Mímica? Eu faço figuras ridículas mas tento aproximar-me da língua que é falada e não me tenho sáido mal. Claro que para quem ouve deve ser do piorio... ;-)
sído
ResponderEliminarOra aqui estão uns bons exemplos práticos que nos levam aonde eu queria chegar! Confiaste e depois decepcionaste-te... Não havia nexessidade!... :)
ResponderEliminarBeijola
na china foi principalmente mimíca... nós sabiamos dizer olá, obrigado, adeus e contar até 10, tirando isso era chinês;) Na farmácia a maioria dos medicamentos tinham ar de ser da medicina tradicional chinesa, e não fazia ideia se tinha feito passar a mensagem do que precisava. Pela tradução que a moça do congresso fez o que eles me deram desentupia o nariz mas era mais para alergias... não interessa, fincionou duas noites e depois não usei mais!
ResponderEliminarE as histórias que se contam de Marrocos? Mulheres trocadas por camelos, assaltos, sequestros... Foi dos sítios mais agradáveis onde alguma vez estive, e sempre completamente fora das rotas turísticas. Que saudades...
ResponderEliminarSim, essa é outra. E depois os próprios marroquinos gozam imenso com isso. No souk de Marraquexe estavam sempre a oferecer camelos ao Cazé por mim, e nós aproveitávamos e brincávamos imenso com isso! Ainda arranjámos uns belos descontos à custa das brincadeiras. Onteontem estive a ver umas fotos de Marrocos que tenho em casa. Deu-me cá uma saudade!!!
ResponderEliminarEm Pipa, nós insistimos em ir à Praia do Amor, que é melhor praia da zona, para surf. Toda a gente nos dia que não valia a pena, que não iamos gostar, que o mar é MUUUUITO perigoso, que tinha pedras, que isto e aquilo...
ResponderEliminarAté o taxista que nos deixou lá perguntou várias vezes se tinhamos mesmo a certeza de que queriamos ficar ali.
A praia é lindíssima, tranquila e de areia. Ok, o mar é mais bravo do que nas outras. Mas era isso mesmo que nós pretendíamos. Além disso, não era nada de mais, comparado com o mar da Ericeira...
As histórias de Marrocos também são ilustres... isto sem contar com a mulher que entrou na loja chinesa cá em Portugal e ficando sem uma ou outra peça...
ResponderEliminarMãe babada, quem se habitua ao mar da Ericeira está pronto para tudo ;-)