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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Ide com o Carlos Sousa ao deserto

Admito. Sou uma chata, esquisita, quezilenta, miudinha, minuciosa, meticulosa, escrupulosa, cuidadosa em tudo o que possa implicar a minha assinatura. Leio, releio, trileio, quadrileio, bisbilhoto as entrelinhas, cusco as letrinhas miúdas, chamo palas cláusulas escondidas, verifico datas, prazos, nomes, vírgulas e asteriscos. Raramente confio em outrem no que respeita a assinar por baixo. Nunca mesmo. Portanto, o suporte digital nunca me deixou grandemente à-vontade. Recusei-me terminantemente a emprestar o meu livro no dito suporte, também por não confiar nas intenções dos subitamente interessados leitores, mas na era da Informação não é fácil mantermo-nos exactamente fiéis a esta premissa: ou confiamos ou não confiamos. Às vezes não confiamos, mas não temos outro remédio e, num mundo onde cada um é rei e senhor da sua sabedoria e raramente permeável a críticas ou reparos, assim é no meu meio profissional, não há grande alternativa. Que havia eu de fazer? Exigir ver uma cópia em papel ou confiar? Pois bem, confiei, até ontem ter verificado que ao meu texto inicial foram acrescentados uns arrebiques e enfeites que até podem soar bem ao autor dos mesmos, mas são falsos, disparatados, desonestos e incoerentes com o restante projecto. É claro que me pareceu mal. É claro que mesmo depois de confrontado o douto ser, que ao que parece é tão douto que de tudo entende, mesmo de uma disciplina que não lhe diz rigorosamente respeito, e confessada a proeza, continuo com isto a remoer-me o juízo. Continuarei, pois, a ser chata, esquisita, quezilenta, miudinha, minuciosa, meticulosa, escrupulosa, cuidadosa, mesmo que de nada me tenha servido.

8 comentários:

  1. Pôxa, sei como se sente...Realmente é péssimo alguém alterar sem a nossa permissão o que escrevemos.

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  2. É a velha história do trust no one, Papalagui... Quando cedemos um pouco, zás!, há sempre algo que nos manda de volta para o nossos velho princípio.
    Beijola.

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  3. O problema é que não tinha forma de lhe dizer que não dava o suporte digital. Ainda por cima é o projecto de uma acção de formação e as palavrinhas a mais prevertem o restante projecto por mim apresentado. Estou farta de alguns colegas, muito farta MESMO!
    Beijocas e obrigada pelas palavras

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  4. Cambada de imbecis!
    Estúpidos, parvos, camelos...
    Beijos para ti

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  5. Hoje nem consegui olhá-lo a direito... que abuso! E só descobri por acaso, porque o projecto já tinha sido entregue em Outubro. Quando pedi uma cópia do documento aprovado, deparo com aquela maravilha.
    Beijocas

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