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sábado, 10 de março de 2007

Catlovers only

É dito e sabido, particularmente pelos amantes de gatos, que não são os donos que escolhem os gatos, mas os gatos que escolhem os donos. O Pirolito começou a rondar-nos a casa algures uns meros três meses depois de os seus donos oficiais o terem trazido para casa. Conta a minha mãe que certo dia, estando nós de férias e tendo vindo cá alimentar o nosso felino, lhe apareceu aquela bolinha de pêlo laranja. Confesso-me amante incondicional de gatos laranja. Todos os que conheci têm bom feitio, são dóceis e travaram comigo e eu com eles uma relação de afectividade intensa e única.
Os donos oficiais do Pirolito acharam-lhe muita piada, enquanto ele foi gatinho e, assim que lhes começou a marcar o território em virtude do seu inevitável amadurecimento, o gato foi literalmente escorraçado para a rua. Demo-nos conta disso quando, por exemplo, numas férias dos donos, reparámos que o animal tinha cá ficado e, conversando com os restantes vizinhos, felizmente gente sensata e boa, percebemos que ninguém tinha pedido a ninguém para alimentar o bichano. O bichano, porém, não se perdia, uma vez que, desde cedo, sabia decor e salteado o caminho aqui para casa e desde cedo sentiu que se algo lhe acontecesse este seria o seu paradeiro, passou parte dessas férias aqui no quintal, de resto, como muito mais tempo. Dias de sol e de chuva, o gato nunca mais deixou de rondar aqui a casa e quando íamos de férias, mesmo deixando-lhe comida e recados aos vizinhos e aos meus pais para o alimentarem, o gato emagrecia-nos. Contudo, era o primeiro a dar-nos as boas-vindas quando regressávamos. Vindo nem se sabe de onde, apareceria ligeirinho, mas miando desesperado. Quem gosta mais de ti, quem é? e ele obviamente sem entender o conteúdo das palavras que lhe dirigia mas sentindo o tom da voz, fechava os olhitos em sinal de contentamento e oferecia-me um ronron profundo.
Tirei-lhe pulgas e carraças, alimentámo-lo ao longo destes anos, limpei-lhe o focinho quando necessário, tratei-lhe das maleitas e sempre fui/fomos retribuída/os com um afecto imenso, ronronadelas, marradinhas e daquelas coisas que só os gatos fazem e que nós, seus amantes, entendemos. Sempre soube de que se algo acontecesse àquele gato, ele viria ter comigo e connosco em seu auxílio. Assim foi. Entenderão, portanto, caros amantes de gatos, porque chorei como uma madalena ontem quando, após tentativas infrutíferas de o salvar, o veterinário nos disse que não havia nada a fazer e eu e o Hélder tomámos a única decisão possível, e porque, depois de o lá termos deixado, continuei a chorar que nem uma madalena.
Hoje quando abri a portada do quarto pela manhã, ele não me miou, à espera de comida. Não nos rondou a casa, não nos mordiscou os dedos, sôfrego, enquanto lhe abríamos a saqueta de pedacinhos de atum. O Hélder não me disse Já dei comida ao Piro. Avistei apenas aquele que se dizia seu dono, cortando a relva, indiferente. Quem não é tocado pelos afectos provavelmente pouco lhe fará falta, o gato muito menos.
foto: Hélder

15 comentários:

  1. É tão triste quando perdemos um amigo :'(
    Infelizmente, há muitas pessoas como os teus vizinhos :( Há uns dois anos, a cadela de um dos meus vizinhos teve uma ninhada e ele deu um dos cachorrinhos a um amigo. Esse amigo, passados dois dias de ter o cachorro em casa, veio devolvê-lo porque ele fazia xixi em casa, não era educado.
    Certas pessoas não deviam ter permissão para ter quaisquer animais.
    Sorte a do Pirolito que vos encontrou e com certeza teve uma vida feliz.

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  2. Eu acho que eles nem vão dar conta. O gato passou aqui os últimos dias e vinha sempre ter connosco.
    Às vezes, dizíamos que o gato tinha tido um grande azar, ter aqueles donos, e uma grande sorte ter-nos encontrado a nós.
    Beijocas

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  3. Já passei por essa dor 4 vezes, nada menos. Um abraço e obrigada por terem sido tão bons amigos do Piro.

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  4. :(
    É tão triste quando isso acontece. Eu também chorei que nem uma perdida no dia que tivemos de fazer o mesmo ao meu primeiro gato. Felizmente que desde então no tivemos mais problemas com os nossos, mas já vi cada situação na rua... :s
    [[[L.]]]

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  5. Obrigada, meninas. Antes deste, despareceram-nos dois, eu acho que a vizinhança os matou, não morávamos aqui ainda e depois um preto lindo que tínhamos meteu-se na carrinha de um senhor que andava aqui a fazer obras e nunca mais o vimos. Fomos logo lá mas nunca apareceu. Durante um mês ainda lá fomos chamá-lo, mas nada.
    Beijocas

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  6. [papalagui]

    beijinho grande, eu também te entendo

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  7. Saudades do Piro, vão ficar sempre. Eu sei como é.Nunca esqueci o Tintin e ele nem era muito meigo.Agora temos uma das nossas já com 12 anos e tremo só de pensar que está a chegar-lhe a idade e a nós a tristeza de um dia não a vermos mais nos seus cantinhos preferidos. Nós os cat lovers, muito recebemos em afeto dos nossos gatitos, mas também sofremos que só visto!
    Beijinhos aí por casa, a quem anda triste.

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  8. Obrigada a todas. Realmente só quem gosta de animais assim é que percebe a falta que nos fazem. Beijos

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  9. Leonor, minha preferência é por cachorros. Atualmente temos 3. Por isso entendo muito bem seus sentimentos. Há pouco também fiquei triste, pois Mori, a akita, esteve muito doente e ficou cega. Uma pena.
    Um beijo,
    Martha

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  10. Ó L.... :( Lembro-me perfeitamente de falares do Pirolito quando estivemos aí, até fiquei de lágrimas nos olhos... :'(

    È verdade que ele teve muita sorte por vos encontrar a vocês, e a felicidade que teve foram vocês que lha deram. Beijos muito grandes para vocês.

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  11. Era o pai das nossas gatas. Imagina o vazio agora quando cheguei a casa, ele vinha sempre ter comigo :(
    Raios, como eu gostava daquele bichano ...

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  12. Também tenho especial carinho por gatos amarelos. Tive um que era tudo menos meigo. Nunca foi carinhoso, se ronronava é porque estava doente ( tinha febre com frequência). Dormia comigo na cama, em cima da almofada e ai de mim se me levantasse de repente... Mas ainda assim adorava-o e quando foi a vez dele partir, fiquei desolada...
    Um beijo.

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  13. Obrigada, Anita, e bem-vinda ,-)

    Obrigada, Carlos ;-)

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