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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Computer says no

Depois de ter ido todos os dias ou quase à Waterstone´s durante a semana em Terras de Sua Majestade, a Fnac pareceu-me a mercearia da esquina. Obviamente trago a alma cheia de livros: dos que comprei, dos que folheei tranquilamente, dos que queria ter comprado mas que os vinte quilos de bagagem não permitiram e dos que anotei mentalmente para uma outra oportunidade. Tudo isto não foi impeditivo de ir dar uma espreitadela à Fnac à procura de novidades. O passeio foi rápido, nada de novo, nada de muito novo, até porque, desde que o filho do filho do exmo. senhor doutor conselheiro inspector publica livros apenas com o eco do apelido ou com o mediatismo da caixinha mágica, tornei-me muito selectiva relativamente a novos autores portugueses e prefiro jogar pelo seguro. Geralmente ouço o conselho de alguém que considero em matéria de bibliofilia ou gosto pela leitura. Esbarrei, então, no último da Paulina Chiziane, ponderei muito no último publicado em Portugal de Rubem Fonseca e, não fosse a minha pilha de livros a ler parecer a Torre de Babel, tê-lo ia agora lá pelo meio, naturalmente, e estaria a ler uma por uma as mulheres que habitam no livro. Mais irresistível pareceu-me A Mulher que escreveu a Bíblia de Moacyr Scliar, Prémio Jabuti para o melhor romance, e com quem me cruzo nos meus passeios virtuais à Livraria Cultura. Pego no livro, leio a contra-capa, abro-o e deparo-me com um palavreado estranho, uma patranha de que aquela era uma editora para mulheres, uma verborreia que, sendo mulher, não me serve nem me assenta. Para mulheres? Larguei o livro, o Moacyr que me perdoe, esperarei por uma edição brasileira. Senti-me a fazer parte de um grupo oculto e o único grupo a que não me importaria de pertencer e que nem sequer é oculto seria ao FatFighters da série Little Britain. Larguei o livro e vim-me embora, até porque naquele momento o meu sistema operativo respondeu como Carol Beer Computer says no. Deixem lá os livros de seda.

também no Geração Rasca

8 comentários:

  1. Realmente... editora só para mulheres?! E depois queremos igualdade de sexos... Eu até gosto da chamada chic lit, mas não quero que me coloquem num qualquer segmento à parte por causa disso.
    Quanto à comparação entre a Waterstone's e a Fnac, entendo-te perfeitamente :)

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  2. Em Londres, continuo a gostar muito também da velha Foyles, onde dá vontade de passar tardes e tardes.
    Uma editora só para mulheres é um dos maiores absurdos que tenho ouvido! E o mais triste é que talvez a ideia tenha saído da cabeça de uma mulher, achando-a uma inspiração fantástica. Bolas, quando é que seremos todos apenas "gente"?
    Um beijo, Leonor.

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  3. Nem queria acreditar...
    Eu sou fã das Waterstone´s, Ana, estas de que falo são em Peterborough, uma terrinha a noroeste de Londres. O surpreendente é que uma vila daquelas tem duas livrarias, aqui para ter uma é o cabo dos trabalhos.
    Beijocas

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  4. Quando estive em Oxford conheci a Blackwell, a maior livraria de língua inglesa, segundo o meu guia. Eram várias lojas na cidade, cada uma com uma especialização: guias de viagem, "paperbacks", livros de arte, livros raros, literatura e livros técnicos.
    E que pena não teres levado o livro do Scliar. Ainda não li esse título, mas fui dar uma olhadela no site da Companhia das Letras e lá pode-se ler um trecho do livro. É uma amostra do humor e da fina ironia do autor.

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  5. Ainda vou a tempo do livro do Scliar, Aventino, nunca li nada dele mas tenho dois livros cá em casa: um da colecção Cinco Dedos de Prosa e outro da Colecção Literatura ou Morte. Hoje mesmo vou começar "Gabriela Cravo e Canela", um presente muito especial :-)

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  6. Vais adorar a Gabriela, Leonor. É um autêntico poema do nosso amado Jorge Amado.
    Também nunca li o Scliar, vou procurar.
    beijinhos

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  7. De facto a Waterstone´s, nada tem a ver com a Fnac, que até cheira a pó e parece uma chafarica.
    Sempre que vou a Bruxelas, dou lá um salto para me perder no meio dos livros...

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  8. Ainda estou à espera do dia em que me possa perder verdadeiramente naquela de Picaddilly. Passei lá desta vez mas levava os meus alunos comigo, portanto ainda não foi desta que lá fiquei sem horas marcadas.

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