A luminosidade inquisitiva pelas frestas dos cortinados coloridos distribuídos em crescente acompanhando a curva da janela. Um bom dia estremunhado numa língua diferente, a pergunta sacramental Did you hear Jasper last night? E a resposta costumeira Não, não ouvi o Jasper durante a noite. Abandonada nos braços de Morfeu nem o Jasper me perturbou o sono. Insistente e voluntarioso, o felino anunciava a entrada várias vezes durante a noite, alertaram-me, pedindo sistematicamente desculpa. Quando o Jasper vinha tomar o pequeno-almoço, uma festarola no gato, uma conversa em português a que respondia com ronrons e marradinhas, gato poliglota certamente. E depois o pequeno-almoço, a tralha às costas, cadernos, canetas, e paragem do autocarro, 35 ou 35A, no meio de coisa nenhuma apenas com um bosque que se espraiava do lado oposto da estrada, lá para onde os melros e rolas voavam. Vinte minutos de autocarro até à cidade. Sob o olhar perscrutador e curioso um mundo que se desvelava lá fora. Gente que entrava no autocarro, um casal alemão presente com frequência, as crianças e adolescentes à espera do transporte escolar vestidas em uniformes, uma ou outra casa típica com telhado de colmo, cottages, conservadas e protegidas, o pub do lado direito, The Tandem, e estrada fora, os dias delineavam-se sob a inquietude da descoberta e o apaziguamento da conquista.
Chegar então. Misturar-me com a multidão que saía em passo apressado e se dispersava como os raios de uma bicicleta na direcção da trivialidade do dia-a-dia. Os rapazes do quiosque de souvenirs arrastavam os expositores para a rua ainda antes da abertura das lojas, ímanes de frigorífico, t-shirts e porta-chaves. Meia dúzia de palavras trocadas, as condolências por Portugal não ter ganho com a Alemanha, Cristiano Ronaldo que é o maior, e o dia a chamar-me para dentro da cidade.
A Cornmarket Street acordava para o bulício citadino. Carrinhas e carros parados na via pedonal a descarregar a mercadoria que havia de alimentar a avidez consumista das hordas de estudantes e turistas. Um espresso duplo antes das aulas e o dia que começava, adicionando-se cumulativamente ao anterior, um continuum de instantes e momentos, coloridos em cinzentos opacos ou translúcidos, rendilhados com os pináculos das universidades protegidas por gárgulas e figuras grotescas, iluminados a verde pelos jardins bem cuidados, aconchegantes com um chá ao fim da tarde na companhia de um livro ou uma cask ale num pub acolhedor. E assim foram os dias de Oxford, embalados por movimentos rotineiros e percursos intimistas nas ruelas solitárias ladeadas de muros construídos com mistérios insondáveis, trilhos reveladores do pulsar da cidade. Para senti-la há que vivê-la. Visitá-la apenas é sempre pouco.
Chegar então. Misturar-me com a multidão que saía em passo apressado e se dispersava como os raios de uma bicicleta na direcção da trivialidade do dia-a-dia. Os rapazes do quiosque de souvenirs arrastavam os expositores para a rua ainda antes da abertura das lojas, ímanes de frigorífico, t-shirts e porta-chaves. Meia dúzia de palavras trocadas, as condolências por Portugal não ter ganho com a Alemanha, Cristiano Ronaldo que é o maior, e o dia a chamar-me para dentro da cidade.
A Cornmarket Street acordava para o bulício citadino. Carrinhas e carros parados na via pedonal a descarregar a mercadoria que havia de alimentar a avidez consumista das hordas de estudantes e turistas. Um espresso duplo antes das aulas e o dia que começava, adicionando-se cumulativamente ao anterior, um continuum de instantes e momentos, coloridos em cinzentos opacos ou translúcidos, rendilhados com os pináculos das universidades protegidas por gárgulas e figuras grotescas, iluminados a verde pelos jardins bem cuidados, aconchegantes com um chá ao fim da tarde na companhia de um livro ou uma cask ale num pub acolhedor. E assim foram os dias de Oxford, embalados por movimentos rotineiros e percursos intimistas nas ruelas solitárias ladeadas de muros construídos com mistérios insondáveis, trilhos reveladores do pulsar da cidade. Para senti-la há que vivê-la. Visitá-la apenas é sempre pouco.
foto: minha