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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pastora de palavras

Faço-me à vida entre as frestas do sol matinal, meio tímido, a humidade como uma colcha transparente e virginal sobre os campos, os olhos ainda adormecidos da noite que se fez mais breve do que o corpo solicita e chego ao destino com a preguiça e cansaço de dias acumulados, assoberbados de papéis e trabalhos fêmea em período mais fértil do que gatas com cio. Trocam-se palavras bem-dispostas, bons-dias para cá e para lá, um pedido que formulo e, no entretanto da espera, a conversa que recai sobre férias, lazer, tempo livre. Estereótipos do manga-de-alpaca, funcionários públicos preguiçosos e indolentes, professores fazedeiros de coisa alguma de férias longas e tempos livres principescos são de repente tema de conversa lampeira em tom irónico E quando me perguntam se tenho trabalho? Ah pois retorqui Se não há alunos na escola não há trabalho. Pois, pois, é só férias. Remato Aliás, nem fazemos mais nada. Completam E quando me perguntam Mas vais à escola? Mas o que é lá vais fazer? Sai-me inesperadamente, Está-se mesmo a ver Olha, Vou lá visitar pastores. Logo agora que me julgava curada da maleita. Ainda tentei recolher o livro como pastora obediente mas o Ruy Duarte de Carvalho era demasiado grande para o esconder na cabeleira.

7 comentários:

  1. Olá, descobri seu blog por acaso e gostei... especialmente do clima e da criatividade! Parabéns pelos temas imagens e títulos!
    Voltarei mais vezes aqui!
    Abraços e bom fim de semana!

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  2. sem cura! ;) (risos)

    Beijinho e bom fim de semana *

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  3. Bem-vinda e volte sempre, francine

    Pois é, once, acho que é um mal crónico, mas é de família, a minha mãe, mais com poesia também tem este problema e o meu pai recordava a Velhice do Padre Eterno de vez em quando também.

    Beijinho

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  4. Qualquer dia estás como a menina do soneto do Nicolau Tolentino, com um colchão na cabeleira... lol

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  5. Ora bem :-)
    E nem de propósito hoje aconteceu-me nova aventura numa livraria, mas não escondi ninguém na cabeleira. Depois conto.

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  6. Repito-me, eu sei. Mas não resisto: parabéns por escreveres tão bem.
    Bj

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  7. Obrigada, Pedro :-)
    E obrigada pela visita.

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