Estou aqui sossegada, rodeada de livros, frente ao ecrã pálido como a manhã, a Ruiva que dorme o sono dos justos enrolada na cadeira, o rádio ligado, e a espera, as horas que vão decorrendo, a demora, a delonga. Espreito pela janela e vejo os vizinhos peripatéticos nos terraços da nossa preocupação. E espero-o. Olho para o relógio verificando a delonga, o tempo que passa lento, a extensão da invernia que teima em se impor no mês da Primavera. É tarde. A Ruiva acorda finalmente e a Lolita aparece vinda não se sabe de onde. Inquieto-me Nunca mais vem, penso. Faço um chá bem quente, a compensação do Inverno que não passa, o rádio toca indiferente. O aroma que se solta. E ele não vem. Espreito pela janela. Os vizinhos continuam o seu passeio, verificando as juntas e o cerâmico, aventando hipóteses de naturezas várias. Demorará muito? Dou mais uma volta, sitiada pelo tempo cinzento, a chuva miudinha que espreita a espaços. A Guidinha salta-me para o colo, ajeito-me para que caiba melhor, enrolada contra a intempérie. Ainda vai demorar? A campainha toca. É ele.
Tão bem (d)escrito, que é como se estivesse aí. Não aí, em tua casa. Mas noutra casa, noutro tempo. O teu post foi o veículo, viajei. A minha memória foi desencantar cheiros de outras casas, a espessura de outros silêncios, de outros livros, e o embalo de um relógio de pêndulo. Algures na minha imaginação, senti o silêncio da casa, o vagar das horas, como se estivesse aí contigo e ao mesmo tempo numa outra casa de outros tempos. Imaginação ou memória, nem sei.
ResponderEliminarAté fiquei sem jeito. Será que estou noutro tempo?
ResponderEliminarBeijos, querida Sinapse
:))
ResponderEliminarEntretanto ... não sei se viste o desafio que te deixei na caixa de comentários anterior? (a do post do lavatório ao léu)
(estive na outra caixa de comentários e já vi que sim ... e espero a resposta, em estado de grande curiosidade) ;)
ResponderEliminarToca?
ResponderEliminarPensei que metesse a chave à porta.
;)
Ah ah ah
ResponderEliminarE quem te disse que eu estava à espera de quem tu achas que eu estava à espera? ;-)
Eh lá!!! Querem ver que tenho de me chatear? :P
ResponderEliminarHelder, ponha ordem nisto. (risos)
ResponderEliminarE agora o meu comentário a um texto muito bom e que o seu conteúdo nos leva a viver a ansiedade saudável de quem espera porque deseja esperar. :)
Todos nós à espera, suspensos... ainda bem que ele chegou! Ou não?
ResponderEliminar;-)
Chegpu pois, Ana, mas o ele que chegou, pasmem, é o engenheiro a quem comprámos a casa e que veio cá por causa de uma infiltração no tecto da cozinha. Enquanto o esperava resolvi actualizar o blogue e saiu este texto. Já me fartei de rir :)))
ResponderEliminarOhhhhhh, que pena! E eu que já estava a imaginar amantes escondidos em armários, cenas de ciúmes de faca e alguidar, sei lá... lol
ResponderEliminarBeijos :-)
E ao menos é giro, o engenheiro??
ResponderEliminarNada de jeito mas simpático e bem falante :-)
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