Do lado de lá da rua havia outra loja de discos. Olhei para o preço, manifestamente mais alto do que os CDs à venda, uma exorbitância em comparação com os dois por dez libras ou outros em preço muito convidativo, quase irresistível. Do outro lado da rua. Ora sair, atravessar em ziguezague a rua sem trânsito apenas picotada com o vaivém inclemente de turistas, estudantes de ocasião e locais que se aventuravam naquele fim de tarde ameno por uma das artérias da cidade. Do outro lado da rua. Subir ao primeiro andar, pedir ajuda, perguntar, saber, sair e voltar caso não exista e caso o preço seja mais alto. Assim sendo e tendo em conta as palavras ajuizadas do empregado avisando que só havia aquele, depois de uns breves minutos na senda do dito, ponderei seriamente. Havendo um só, unzinho da silva, e correndo o risco de ficar sem nenhunzinho da silva, socorri-me do engenho feminino e guardei-o numa outra estante onde ninguém mas ninguém o iria procurar. Escolhi os Iron Maiden, rapazes com envergadura suficiente para resguardar outras bandas e atravessei a rua e enfrentei o povo em passeio para cá e para lá e fui à outra loja e não havia o CD e regressei, agradeci a amabilidade ao Bruce Dickinson que me respondeu atirando-me com a cabeleira, esta malta do rock não tem melhoras, e comprei o CD. Pois era isto que devia ter feito há dois dias, sem a parte do Bruce Dickinson, porque hoje quando lá fui alguém já tinha comprado o livro. Percorri a estante várias vezes: Turquia, Grécia, Praga, Nova Iorque, Nova Iorque, Maiorca, Ilhas Canárias, Ilhas Canárias, Suécia, mas aquele que eu queria nada, nadinha. Recapitulando, agora a estante de cima, Marrocos, Turquia, Turquia, Grécia, Irlanda, Itália, Itália, Escócia, Tunísia, Barcelona, Dinamarca. Népia. O meu, o que eu queria, nada nem rasto. E devia ter repetido a façanha. O que eu devia ter feito era escondê-lo algures num lugar recôndito, atrás do Jesusalém ou do Barroco Tropical, por exemplo. Estaria muito mais feliz agora e ninguém se incomodaria de estar uns dias aconchegado no Mia Couto ou no Agualusa.
Que possessiva, hein, Leonor? (risos)
ResponderEliminarE quem foi o mauzão que mexeu no livro? lol
ResponderEliminarTerrível, Mike, sou filha única, não se esqueça ;-)
ResponderEliminarNão faço ideia, Ana, mas gostava de saber quem teve a veleidade de comprar o único guia de viagem que me interessava ;-)
Shiiii... pois é, Leonor.
ResponderEliminarNão se pode facilitar! :)
ResponderEliminarLá tive de ir à Fnac :)
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