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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Chiado, Tejo e tudo (4)

Quarteirão dos Escritores

Não é o Quarteirão dos Escritores mas podia ser. À minha frente e ainda na esplanada, contemplo o poeta Chiado. Ao meu lado, umas mesas abaixo, consigo ver Pessoa, também ele sentado à mesa n’A Brasileira, tomando um café que é tudo menos tranquilo. Duas mulheres abordam-no, pobre Pessoa, uma que timidamente se aproxima para que a outra lhe tire uma fotografia. Vão-se embora lestas, a cidade espera-as, acredito. Uma adolescente aproveita o hiato de paz e salta literalmente para o colo do escritor dos heterónimos. Duas fotografias envolvendo o pescoço do absolutamente indiferente Fernando António Nogueira Pessoa, nascido a 13 de Junho, data duplamente festejada no calendário alfacinha. Nunca em vida foi tão popular nem esteve tão acompanhado.
E continuando com os escritores: um pouco mais acima está “o poeta triste” no dizer de Eça. Camões que se ergue no Largo com o seu nome, com o olhar estático Rua Garrett abaixo, mais uma evidência da omnipresença dos escritores no Chiado, “o meridiano das artes e letras portuguesas”, Cardoso Pires dixit. Já na Rua do Alecrim, com a maresia do Tejo a perfumar “o manto diáfano da fantasia”, encontra-se Eça de Queiroz, nome incomparável das letras lusas e que terá cantado o Chiado como poucos. Camões, Pessoa, Chiado, Eça e Garrett misturam-se num ínfimo espaço físico, encontrando-se sempre além do que a superfície geográfica delimita. Não é o Quarteirão dos Escritores, mas podia ser.



(continua)

3 comentários:

  1. AMO-TE LISBOA VIRADA AO TEJO
    (Rogério Martins Simões)

    Dizem que um dia alguém cantou…
    Que por amores Lisboa se perdeu!
    Por amores se perde quem lá voltou.
    De amores se perde quem lá nasceu.

    Dizem que um dia alguém contou.
    Que uma moira cativa no Tejo desceu.
    Por amores, Lisboa, a moura libertou,
    De amores, por Lisboa, a moira morreu.

    Juntaram-se os telhados enfeitiçados,
    Apertadinhos os dois e entrelaçados,
    Num fado castiço, numa rua de Alfama.

    E o Tejo, que é velho, beija a Cidade:
    Morre-se de amor em qualquer idade,
    Perde-se por Lisboa, quem muito ama!

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  2. Sempre em grande, Ana :)

    Continuo pois, Mike :-)

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