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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Chiado, Tejo e tudo (5)

Papéis pintados com tinta

Logo no início da Rua Garrett encontra-se a Livraria Bertrand, uma das mais antigas livrarias de Lisboa. Proporciona desde 1773 puro deleite aos bibliófilos e aos amantes da leitura. Alexandre Herculano, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero de Quental e Ramalho Ortigão contam-se entre os assíduos do espaço frequentado pela elite lisboeta em finais do século XIX.
Na esperança de encontrar bibliografia sobre a Lisboa, entro na Bertrand. Sou recebida por várias salas unidas por um mesmo corredor em que se respira a ancestralidade, o ambiente protegido e calmo, o aroma dos livros acabados de imprimir e o pó de vidas e séculos passados misturados num perfume só. Na sala onde me indicam livros sobre a cidade está para acontecer um evento. As mesas amontoam-se entravancando o livre acesso às estantes centenárias. Solicito ajuda e indicam-me os guias com os quais já me havia cruzado, alguns maus e com erros. O périplo pela afamada livraria revelar-se-ia infrutífero: sobre Lisboa apenas os livros banais da especialidade, sem outra alusão a obras que escolheram Lisboa como cenário e de que Afirma Pereira de Tabucci e Comboio Nocturno para Lisboa de Pascal Mercier são apenas exemplos. Uma falha imperdoável que atira Lisboa para os antípodas de algumas capitais europeias tão bem documentadas e que elevam a vida das suas cidades através da literatura. Lisboa merecia melhor.

(continua)

4 comentários:

  1. A Rua Garrett é o centro do Chiado, pólo intelectual de Lisboa do séc. XX. Ligada pelo Largo do Chiado e pela Rua do Carmo é em seu redor que se situa a ópera (Teatro Nacional de São Carlos), bem como o Teatro São Luiz e o Teatro da Trindade; as mais famosas livrarias da cidade, como a primeira Livraria Bertrand, fundade em 1732; o Grémio Literário do Chiado; ou ainda o centenário Café A Brasileira, onde já se reuniram grandes vultos da cultura portuguesa do século XX.

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  2. Alto e pára o baile!... ou melhor, e pára a crónica! Cadê a foto? (risos)

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  3. É pena que a Bertrand não faça jus à sua fama, Ana :-)

    Pois é, Mike, escapou-se-me a foto :(

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  4. Leonor é pena que as coisas boas caiam no esquecimento...:)

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